sexta-feira, 16 de novembro de 2012

MIQUEIAS - A IMPORTANCIA DA OBEDIENCIA



Palavra do Senhor que veio a Miqueias, morastita, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, a qual ele viu sobre Samaria e Jerusalém (Mq 1.1)

Miqueias, assim como outros profetas já estudados, se enquadra no perfil daqueles que a sua origem humilde não impediu que fossem vocacionados por Deus para uma grande obra. O Senhor não faz acepção de pessoas.

Grandes profetas nem sempre surgem de grandes cidades, dos grandes centros religiosos, políticos, econômicos e sociais. Assim como Elias, o tisbita, e Jesus, o nazareno, Miqueias, o morastita, é portador de uma mensagem que veio da parte de Deus.

O livro de Miqueias é um chamado para se ouvir a voz do Senhor.

TODOS OS POVOS DEVEM OUVIR A VOZ DO SENHOR

Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, em tua plenitude, e seja o Senhor Jeová testemunha sobre vós, o Senhor, desde o templo da sua santidade. (1.2)

Os habitantes da terra, em toda a sua plenitude devem considerar, ouvir cuidadosamente, obedecer (hb. quasabh) a voz do Deus santo.

O juízo de Deus sobre a prevaricação (hb. pesa’, rebelião, transgressão) e o pecado (hb. hatta’ah, ofensa, iniquidade) de Samaria e Jerusalém é anunciado, e deve servir de alerta para todas as nações. O Senhor que edifica, é o mesmo Senhor que transforma tudo em um montão de pedras, ao ponto de expor os fundamentos (1.6). O pecado da idolatria (prostituição espiritual) é denunciado (1.7). Outros pecados são citados ao longo do livro, tais como a injustiça social, a violência, a mentira, a corrupção e a formalidade do culto.

Longe de ser insensível, um profeta de Deus não se alegra com os erros do seu povo, antes, chora e lamenta pela situação (1.8).

OS CHEFES (REIS, PRINCÍPES, SACERDOTES E PROFETAS) DEVEM OUVIR A VOZ DO SENHOR

Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel: não é a voz que pertence saber o direito? (3.1)

Os chefes (hb. ro’s, governantes, líderes), que deveriam trabalhar para o bem do povo, maquinavam e praticavam o mal (2.1), cobiçavam os campos e as casas dos menos afortunados, e na condição de opressores e exploradores, tomavam dos mais pobres os seus bens e a sua herança, e isso usando de violência (2.2-3). Aqueles que deveriam ser promotores da justiça pervertiam o direito (3.1). A injustiça social era tanta que a metáfora utilizada para descrevê-la é muito forte:

A vós que aborreceis o bem e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles e a sua carne de cima dos seus ossos, e que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne do meio do caldeirão. (3.2-3)

Não muito diferente dos dias de Miqueias, boa parte da liderança política no Brasil vive da miséria alheia, e como recompensa são recebidos em nossas tribunas e púlpitos, e apoiados em períodos eletivos. O pior é que algumas lideranças evangélicas sabem da situação, mas se fazem de desinformadas. Quantos “fichas sujas” não foram apoiados por pastores na última eleição? Com quantos corruptos, ladrões e bandidos não foram feitos alianças e acertos imorais e ilegais?

Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo que é direito, edificando Sião com sangue e a Jerusalém com injustiça. (3.9-10)

O grave nisso tudo é a conivência dos sacerdotes (autoridade religiosa), que deveriam confrontar o rei e os príncipes com a Lei do Senhor. As sentenças são dadas em troca de presentes, enquanto os ensinos dos sacerdotes buscam os seus interesses pessoais, ou seja, ensinavam por conveniência (3.11a). Não nos parece tal postura com a de alguns ensinadores e pregadores, que em busca de seus próprios interesses (agendas, ofertas, permanência no cargo, presentes, etc.) ensinam e pregam por conveniência?

E o que falar dos profetas? Deixemos que o próprio texto nos fale:

Não profetizeis; os que profetizam, não profetizem deste modo, que se não apartará a vergonha (2.6)

Se houver algum que siga o seu espírito de falsidade, mentindo e dizendo: Eu te profetizarei acerca do vinho e da bebida forte; será esse tal o profeta deste povo. (2.11)

[...] e os seus profetas adivinham por dinheiro, e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá. (3.11b)

Mais uma vez a semelhança com os dias atuais é muito grande. O número de mercenários e mercadores da pregação e do ensino se multiplica na igreja. O pior é que tem quem pague pelos altos cachês dos “astros e estrelas da fé”. Pelos profissionais do púlpito.

Um pastor amigo meu, presidente de uma campo eclesiástico num dos estados do Brasil, me falou que um destes lhe procurou em seu gabinete, e  lhe confessou que apesar de uma agenda muito concorrida, e de pregar em grandes eventos, na realidade não era crente de verdade. O pregador disse que tudo que fazia era mera repetição do que aprendeu observando. Quantos não existem na mesma condição? Há um livro que pretendo publicar no próximo ano, onde mais uma vez falarei da crise na pregação e no ensino dentro das igrejas evangélicas brasileiras.

Para os chefes de seu povo o Senhor diz:

Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedra, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque. (3.12)

Os líderes podem cooperar para o crescimento e desenvolvimento de um povo, de uma nação, de uma igreja, ou para a destruição destes. Podem ser canais de bênçãos, ou podem atrair juízo.

Denunciar o pecado da liderança e de um povo nunca foi tarefa fácil. A liderança é detentora do poder de matar e deixar viver, incluir ou excluir, abrir portas ou fechar portas (isso tudo dentro de uma vontade permissiva de Deus). É por isso que Miqueias afirma:

Mas, decerto, eu sou cheio da força do Espírito do Senhor e cheio de juízo e de ânimo, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado. (3.8)

Somente cheio do Espírito é que um homem ou uma mulher de Deus pode convocar seus pares ao arrependimento e à conversão ao Senhor, e isso sem temer as consequências, sem se preocupar com o martírio.

CONCLUSÃO

Apesar dos juízos de Deus, o livro de Miqueias nos apresenta também uma mensagem de esperança e de restauração (2.12-13; 4.1-13; 5.2- 4, 9; 9.7-9).
Uma belíssima exortação encontra-se em Miqueias, que manifesta a vontade de Deus em nossa relação com o próximo e com Ele:

Ele te declarou ó homem o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus? (6.8)

O livro termina com uma oração onde os atributos comunicáveis de Deus são destacados e exaltados:

Quem, ó Deus é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade. Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Darás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a benignidade que juraste a nossos pais desde os dias antigos. (7.18-20)

Amém!

Jundiaí-SP, 13/11/2012

ELABORADO POR: Pr. Altair Germano

Fonte: www.altairgermano.net

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

OBADIAS - O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO



Texto Áureo: Ob. 1.15
Leitura Bíblica: Ob. 1.1-4, 15-18



INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo marcado pela injustiça, não poucas vezes as pessoas que seguem a Deus são alvo de perseguições. Na aula de hoje, através das palavras de Obadias, aprenderemos que o Senhor é Aquele que julga com retidão. A principio destacaremos aspectos contextuais do livro de Obadias, em seguida, sua mensagem, e ao final, sua aplicação para os dias atuais.

1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Obadias foi um profeta de Judá que pronunciou o castigo de Deus contra a nação de Edom. Existem duas datas prováveis para sua mensagem profética: 855 e 840, durante o reinado de Jeorão em Judá, ou talvez durante o ministério de Jeremias, por volta de 627 e 586 a. C. Pouco se sabe a respeito de quem foi Obadias, sabemos apenas que seu nome significa “servo” ou “adorador”. O propósito é mostrar que Deus é Aquele que julga os que afligem o Seu povo. O versículo-chave se encontra em Ob. 1.15: “porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se faça contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça”. O estilo literário do livro se assemelha a um cântico fúnebre de condenação, e está repleto linguagem poética. A mensagem se dirige aos edomitas, uma nação vizinha de Judá, ao sul, que tinham fronteiras comuns. Isso acirrava a disputa entre essas nações, os edomitas não gostavam de Judá. Nessa época a capital de Edom era Sela, uma cidade considerada invencível, tendo em vista sua localização em penhascos, com acesso apenas por meio de um desfiladeiro sinuoso. Por causa disso os edomitas eram orgulhosos e presunçosos. Eles achavam que jamais seriam vencidos por qualquer poderio inimigo. A autossuficiência os conduziu à ruina, a segurança se mostrou aparente quando lhe sobreveio o juízo divino. O livro de Obadias, que é o menor do Antigo Testamento, contendo apenas um capítulo, pode ser assim estruturado: O julgamento pronunciado contra Edom (Ob. 1-14); O resultado do julgamento (Ob. 15-18); e A possessão de Edom por Judá (Ob. 19-21).

2. A MENSAGEM DE OBADIAS
A mensagem de Obadias destaca a inimizade entre Judá e Edom e prefigura, através da destruição desta nação, o julgamento que sobrevirá sobre todas as nações que se oporão a Israel. Obadias denuncia a soberba humana das nações, tendo em vista que essa soberba – zadon em hebraico – alimenta a falsa esperança nos métodos humanos (v. 3,4). A soberba é decorrente da prosperidade humana, da crença de que é possível subsistir sem a providência divina. A posição social dos edomitas fez com que eles achassem que jamais seriam destruídos. Mas “naquele dia” ou, “no Dia do Senhor”, quando Deus julgar as nações, no tempo vindouro, a opulência da nação terá o seu fim. A causa desse julgamento será a violência – hamas em hebraico - “feita a seu irmão Jacó” (v. 10). Israel sofreu vários ataques ao longo da história, destacamos alguns deles: pelo Egito (I Rs. 14.25-28), pelos filisteus e árabes (II Cr. 21.16,17), pelos sírios (II Cr. 24.23,24); por Edom (II Rs. 14.7-14); por vários inimigos na época de Acaz (II Cr. 29.8,9), pela Assíria(II Rs. 18-19) e pelos babilônicos (II Cr. 36.15-22). O ataque dos inimigos produziu regozijo nos edomitas, eles celebravam as invasões sobre Judá. Por causa disso, o Senhor estabelece o princípio da retribuição: “como tu fizeste, assim se fará contigo”. Há ainda uma promessa para o futuro, na dimensão escatológica, virá a paz sobre o povo de Deus. A salvação se espalhará desde o monte Sião, quando, ao final, o Senhor reestabelecerá o Reino na terra. Essa é mais uma alusão profética ao período do milênio, que se concretizará quando Cristo volta, com poder e grande glória, para reinar (Ap. 19).  

3. PARA HOJE
O orgulho é a destruição de todo ser humano, e muitas igrejas também padecem desse terrível mal. Jesus alertou a igreja de Laodiceia porque essa se achava autossuficiente (Ap. 3.17). Algumas igrejas ostentam a sua riqueza, do seu número de membros, influência política, entre outros males. Não sabem elas que Jesus está do lado de fora, batendo à porta, sem oportunidade para entrar. Não podemos esquecer que o pecado de Satanás foi exatamente o do orgulho, pois este quis subir até o lugar do Altíssimo, o final foi a sua queda (Is. 14.14). A orientação de Deus, para o Seu povo, é a de humildade, como demonstração da nossa dependência dEle. Conforme está escrito em II Cr. 7.14: “e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. Esse é um texto específico para Israel, mas com aplicação para a Igreja dos dias atuais. Se confiarmos menos em nossas potencialidades humanas e dependermos mais de Deus, veremos as coisas grandiosas que Ele realizará através de nós. Para tanto, precisamos voltar a orar (I Ts. 5.17), pois a falta de oração é uma das manifestações mais concretas do distanciamento de Deus. Não podemos esquecer que sem Cristo nada poderemos fazer (Jo. 15.5). Ao invés de desejarmos o mal aos nossos irmãos, e até mesmo aos inimigos, devemos edificar uns aos outros em amor (Ef. 5.12; Gl. 6.1) e orar por aqueles que nos perseguem (Mt. 5.44).

CONCLUSÃO
Em mundo repleto de injustiças, somos tentados, a todo instante, a desejar o mal aos outros. Os salmos imprecatórios chegam à ponta da nossa língua, a fim de desejar que o pior aconteça àqueles que nos perseguem. Não devemos sequer nos alegrar com a ruína do inimigo, antes orar por ele e desejar que tenha a oportunidade de voltar-se para Deus (Pv. 24.17,18). Como cristãos devemos saber que a vingança pertence a Deus (Dt. 32.35; Rm. 12.19), pois Ele, em tempo oportuno, nos livrará da perseguição e retribuirá o mal de acordo com Sua justiça (Pv. 20.22). A lei “olho por olho e dente por dente” está debaixo da soberania divina, e do “porém” de Jesus (Mt. 5.38,39).

ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W., ALEXANDER, T. D. STURZ, R. J. Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2001.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com