Texto Áureo: II Co. 6.14,15
Leitura
Bíblica: Ap. 2.18-25
INTRODUÇÃO
Dentre as igrejas da Ásia Menor, uma se destaca pela tolerância ao
pecado. Na aula de hoje estudaremos a respeito dessa igreja, a de Tiatira, sua
contextualização histórica, sua condescendência com o pecado, e, ao final, o
apelo de Cristo para que essa igreja passe a viver em santidade. Esse apelo se
aplica, pela Palavra e o Espírito, às igrejas contemporâneas, a fim de que não
convivam naturalmente com a prática do pecado.
1. A IGREJA DE TIATIRA
Tiatira era uma cidade que tinha posição geográfica privilegiada, pois
estava localizada no percurso do correio imperial. Por isso, toda a
movimentação comercial entre a Europa e a Ásia passava por aquele caminho. O
comércio assumia posição de destaque com a produção de lã, couro, linho,
bronze, tinturaria e alfaiataria em geral. As divindades pagãs eram
adoradas em meio a esse comércio. Para não perderem dinheiro, muitos cristãos
faziam pactos com as agremiações comerciais, comprometendo sua espiritualidade.
Alguns estudiosos acreditam que Lídia, uma das mais notáveis convertidas de
Filipos, teria retornado a sua terra, Tiatira, a fim de auxiliar na formação de
uma igreja naquela cidade (At. 16.14). A igreja de Tiatira é reconhecida por
Cristo pelas obras, serviço, fé e paciência (Ap. 2.19). Essas são qualidades fundamentais
à fé cristã, características que faltavam à igreja de Éfeso, tendo em vista que
essa havia esfriado no primeiro amor, e demonstrava fidelidade, uma das
fragilidades de Pérgamo, ainda que, como Esmirna, havia aprendido a perseverar
diante das tribulações. O fundamento de tais virtudes, conforme expõe Paulo aos
tessalonicenses, é o Senhor Jesus Cristo (I Ts. 1.3). É assim que o amor
verdadeiro resulta em serviço genuíno que alimenta a esperança, mesmo em meio
às tribulações. Enquanto que Éfeso estava em uma situação pior que a do início,
a de Tiatira era o inverso, essa crescia em obras, de modo, conforme atesta o
Senhor, suas “últimas obras são mais do que as primeiras” (Ap. 2.19).
Tratava-se, portanto, de uma igreja que estava crescendo em obras, sua prática
cristã estava em progressão, e não em declínio.
2. UMA IGREJA QUE TOLERA O PECADO
O problema de Tiatira era a tolerância com o pecado, e Jesus, sendo
Aquele que “tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao latão
reluzente” (Ap. 2.18), não pode tolerá-lo. Ele repreende essa igreja por
tolerar uma falsa profetiza que conduzia o povo a pecar tal como a Jezabel do
Antigo Testamento, cujo nome significa, “puro, casta”. Jezabel foi responsável
por introduzir o culto pagão a Baal entre os israelitas. Além de patrocinar o
paganismo, ela ainda perseguiu os profetas de Deus. Quando Jezabel se casou com
o rei Acabe, ela se encarregou de infiltrar, no culto judaico, elementos da sua
religiosidade. Sob a influência da sua esposa, o rei Acabe construiu um templo
a Astarte, a consorte de Baal, em Samaria e passou a sustentar 850 profetas em
atividades cultuais que envolviam a imoralidade (I Rs. 16.30-32; 18.4; 19;
21.25). Essa nova Jezabel, a quem Jesus reprova em Sua carta à Tiatira,
fundamenta-se no gnosticismo, um movimento filosófico-religioso que negava a
matéria e incitava ao abuso do corpo, por considerar que esse seria destruído
depois da morte. Essa mulher, que se dizia profetiza, ensinava e enganava os
servos de Jesus, para que esses se prostituíssem e comessem dos sacrifícios da
idolatria (Ap. 2.20). A igreja de Éfeso odiava as práticas dos nicolaítas
e não as tolerava (Ap. 2.2,6), a de Pérgamo tinha alguns que suportavam a
doutrina de Balãao e dos nicolaítas (Ap. 2.15,16), mas a de Tiatira passou a
tolerá-los, isto é, a conviver normalmente com suas atitudes no seio da igreja
(Ap. 2.20). Como nestes dias, muitas igrejas estão fazendo “vista grossa” em
relação ao pecado, a disciplina parece ser um assunto descartado, a busca pelo
politicamente e juridicamente correto está solapando a moralidade das igrejas.
Os cristãos não podem mais viver em pecado, pois morreram para ele (Rm. 6.1,2),
a disciplina, em amor, é saúde não apenas para a igreja, mas para o próprio
disciplinado (I Co. 11.20-32; Rm. 12.15; Hb. 12.11).
3. UM APELO À SANTIDADE
Jesus deu tempo para que essa Jezabel “se arrependesse da sua
prostituição”, mas ela “não se arrependeu” (Ap. 2.22). Essa é uma demonstração
de que Deus não tem prazer na morte do ímpio, antes espera que ele se
arrependa, e seja salvo (II Pe. 3.9; I Tm. 2.4). Mas há limite, pois o juízo
virá, ainda que não seja agora, mas no tempo determinado por Deus, quando
Cristo colocar todos os inimigos debaixo de seus pés (I Co. 15.25), o dia da
ira do Cordeiro (Ap. 6.17). A cama da promiscuidade estabelecida por Jezabel se
transformará numa cama de sofrimento, de tribulação. Jesus é longânimo, dar
tempo para que o pecador se arrependa, mas Ele tem poder para antecipar o
julgamento, como fez com Ananias e Safira (At. 5), e ferir de morte aos filhos
de Jezabel, como disciplina para que todas as igrejas saibam que Ele é Aquele
que “sonda as mentes e os corações. E que dá a cada um segundo as suas obras”
(Ap. 2.23). A irreverência na celebração da Ceia do Senhor levou muitos à morte
(I Co. 11.17-32), pois não se pode profanar aquilo que é sagrado, o que fora
santificado por Deus. O próprio corpo é templo e morada do Espírito Santo, por
isso, devamos separá-lo para a glória dAquele que nele habita (I Co. 6.19,20).
Felizmente, nem todos se dobraram diante da doutrina de Jezabel, alguns não
tinham esse ensinamento, outros, melhor ainda, não quiseram conhecê-lo (Ap.
2.24). Adão e Eva poderiam ter desfrutado da presença de Deus, caso não
quisessem se apropriar do fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal (Gn.
2.17). Nem tudo deve ser experimentado, o ensinamento da Palavra de Deus é
suficiente para sabermos o que pode nos distanciar do centro da vontade de
Deus, que é boa, perfeita e agradável (Rm. 12.1,2).
CONCLUSÃO
A vontade de Deus é a nossa santificação (I Ts. 4.3), pois Deus nos
escolheu para que sejamos santos (Ef. 1.4). Não podemos esquecer que os puros
de coração verão a Deus (Mt. 5.8) e que sem a santificação ninguém verá ao
Senhor (Hb. 12.14). Aquele que assim proceder receberá a promessa de Jesus de
que julgará os ímpios e reinará com Ele (Ap. 2.26,27). Como lembrou Paulo aos
coríntios, os santos julgarão o mundo (I Co. 6.2), isso se dará no futuro,
quando Cristo vier reinar (Ap. 12.5; 19.15). Esses receberão também a estrela
da manhã, isto é, conhecerão a Cristo, que assim se identifica em Ap. 22.16.
Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Elaborado por: Prof. José Roberto A. Barbosa
BIBLIOGRAFIA
GUNTER II, D.
M. Seven letters to seven churches. Kansas: Beacon Hill Press, 2011.
STOTT, J. O que Cristo pensa
da igreja. Campinas: United Press, 1999.
Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com
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