Texto
Áureo: Mt. 5.20
Leitura Bíblica: Am. 1.1; 2.6-8; 5.21-23
INTRODUÇÃO
O descaso da igreja
evangélica em relação às questões sociais precisa ser revisto. O evangelho de
Jesus não é de direita e muito menos de esquerda. Mas ele é, sobretudo,
profético, por esse motivo, somos chamados, pela Palavra, a denunciar os descalabros
sociais que testemunhamos em nossa sociedade. Na lição de hoje estudaremos a
respeito de Amós, um profeta do Senhor que, em seu tempo, se opôs à injustiça
social. A partir do seu exemplo, aprenderemos, nesta aula, a fazer oposição
profética, em favor dos oprimidos.
1.
ASPECTOS CONTEXTUAIS
Amós era um leigo,
um profeta boiero em Tecoa, localizada cerca de 16 km ao sul de Jerusalém, onde
era conhecido como criador de ovelhas (Am. 1.1) e colhedor de sicômoros (Am.
7.14). Ele foi chamado por Deus para anunciar o Seu juízo sobre Israel, o Reino
do Norte, em virtude da sua idolatria e opressão aos pobres. Ao que tudo
indica, sua mensagem foi entregue durante os reinados de Jeroboão II, em
Israel, e Uzias (Azarias), de Judá, aproximadamente entre 760 a 750 a. C.
Aquele era um tempo de prosperidade, as pessoas estavam preocupadas apenas com
o bem-estar particular. Os pobres se encontravam em condição de opróbrio, sendo
mesmo vendidos como escravos. O versículo-chave do livro se encontra em Am.
5.24: “Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene”.
Como resultado da sua experiência como agricultor, Amós utiliza várias
metáforas extraídas da vida campestre, fazendo alusão, por exemplo, a uma
carroça carregada (Am. 2.13), um leão rugindo (Am. 3.8), uma ovelha mutilada
(Am. 3.12), vacas gordas (Am. 4.1) e um cesto de frutos maduros (Am. 8.1,2).
Uma das características marcantes de Amós é a coragem, pois não fugiu da
responsabilidade, antes denunciou o pecado. Não apenas os pecados morais, mas
também os sociais, criticando os sacerdotes (religiosos) e reis (governantes)
da sua época. Ao invés de ser complacente, e talvez tirar proveitos dos
benefícios da prosperidade, Amós, ciente do seu chamado, se opôs a tudo aquilo
que contrariava a palavra de Deus. O livro de Amós apresenta a seguinte
divisão: Os oito julgamentos, contra Damasco, Gaza, Tiro, Edom, Amom, Moabe,
Judá e Israel (Am. 1,2); Três mensagens de julgamento contra Israel, o seu
passado e futuro (Am. 3, 4, 5 e 6); e Cinco visões de julgamento, a locusta, o
fogo, o fruto do verão, os pilares, e cinco promessas de restauração (Am. 7, 8
e 9).
2.
A MENSAGEM DE AMÓS
A mensagem de Amós,
como a de todos os profetas, é de denúncia, ele se dirige às nações pagãs, por
tratarem com hostilidade o povo de Deus (Am. 1.3 – 2.3). Em seguida nomeia os
pecados de Judá, que, ao invés de seguir a Lei do Senhor, prefere ir após os
falsos deuses (Am. 2.4,5). Ele denuncia inclusive o poder judiciário, pois este
vende a justiça, não leva em consideração o direito dos mais necessitados (Am.
2.6). Os ricos também são alvo da crítica de Amós, já que estes não demonstram
qualquer sensibilidade em relação aos pobres (Am. 2.7). Mas Deus não permitirá
para sempre que esse descaso aconteça, Ele julgará aqueles que sabendo fazer o
que é reto, se voltam para o mal (Am. 3.2-8). Os opressores serão devorados
pela boca do leão, seus altares e casas de verão serão transformados em ruína
(Am. 3.12-15). As mulheres ricas, comparadas às vacas de Basã, por causa da
gordura, serão julgadas (Am. 4.1-11). As advertências de Amós prosseguem, ele
orienta o povo a buscar a Deus, a não perverter o direito à justiça e a fazer o
que é certo (Am. 5.3-14), pois o Dia do Senhor virá (Am. 5.18-20). A riqueza,
como um fim em si mesmo é criticada pelo profeta, pois essa somente serve para
afastar as pessoas de Deus (Am. 6.3-7). A confiança nos governantes também é
apresentada como uma ilusão, pois aquilo que eles colherão será consumido pelos
gafanhotos (Am. 7.1). Os sacerdotes não eram fiéis a Deus, mas aos reis, o
santuário não era mais do Senhor, os governantes tomaram conta dele (Am. 7.13).
Esse complô fazia com que os ricos lucrassem com a pobreza (Am. 8.6), e o pior,
faziam isso em nome de Deus, já que tinham o apoio religioso dos sacerdotes
(Am. 9.8-10).
3.
PARA HOJE
A condição da
sociedade atual não é muito diferente daquela dos tempos de Amós. O dinheiro
tornou-se o deus adorado com naturalidade, inclusive entre os evangélicos.
Jesus fugiu da tentação de Satanás, não se deixou conduzir pelos ditames da
fama e da riqueza (Mt. 4.1-11). Infelizmente a igreja não tem tomado à mesma
atitude, os pastores se vendem por qualquer barganha política. Em nome de Deus,
e a fim de manterem seus privilégios, eles vendem os crentes a cada eleição. Mamom,
o deus das riquezas, comumente denominado de Mercado, é adorado a luz do dia
(Mt. 6.24). A teologia da ganância aproveita essa tendência para cultuá-lo,
ainda que este tenha proveniência duvidosa. Há até aqueles que fazem oração de
agradecimento pela propina recebida, como se isso fosse algo natural. Os cultos
estão se transformando em verdadeiras cultomícios, os crentes não se reúnem
para a adoração a Deus, antes para escolherem seus candidatos. Esses candidatos
do “povo de Deus”, uma vez eleitos, se comprometem apenas com seus interesses,
os dos pastores que os elegeram e dos seus partidos. Quando assumem uma pauta,
não passa de mero moralismo hipócrita, pois defendem os princípios da
“família”, mas pactuam com a injustiça social, privando o necessitado do seu
direito. Alguns juristas, que fazem parte desse sistema, julgam sempre pelos
mais ricos, enquanto o pobre é desconsiderado. Há todo um sistema que funciona
de modo a perpetuar a injustiça social, inclusive cooptando os sacerdotes
(pastores) para que esses apoiem os reis (governantes). É nesse contexto que
Deus continua levantando os seus profetas, homens e mulheres comprometidos com
os princípios da Palavra de Deus.
CONCLUSÃO
Deus não tem
partido político, não é de direita nem de esquerda, mas não admite a injustiça
social. Os profetas do Senhor sempre foram instrumentos para denunciar a
opressão aos mais pobres (Is. 1.15-17). Eles sabiam que nem toda riqueza provem
de Deus, pois não são poucos os que enriquecem indevidamente (Ez. 22.29). Ao invés
de buscar tesouros na terra, o cristão deve se voltar para os tesouros dos
céus, onde o ladrão não rouba, nem a traça corrói (Mt. 6.19-23). A ganância é
uma forma de idolatria (I Co. 5.10,11; 6.10), por isso, ai daqueles que oprimem
aos pobres, que fazem fortuna usurpando os direitos dos oprimidos, pois a mão
do Senhor pesará sobre esses (Tg. 2.5-7).
ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks,
2006.
HUBBARD, D. A. Joel e Amós:
introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996
FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com