sexta-feira, 16 de novembro de 2012

MIQUEIAS - A IMPORTANCIA DA OBEDIENCIA



Palavra do Senhor que veio a Miqueias, morastita, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, a qual ele viu sobre Samaria e Jerusalém (Mq 1.1)

Miqueias, assim como outros profetas já estudados, se enquadra no perfil daqueles que a sua origem humilde não impediu que fossem vocacionados por Deus para uma grande obra. O Senhor não faz acepção de pessoas.

Grandes profetas nem sempre surgem de grandes cidades, dos grandes centros religiosos, políticos, econômicos e sociais. Assim como Elias, o tisbita, e Jesus, o nazareno, Miqueias, o morastita, é portador de uma mensagem que veio da parte de Deus.

O livro de Miqueias é um chamado para se ouvir a voz do Senhor.

TODOS OS POVOS DEVEM OUVIR A VOZ DO SENHOR

Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, em tua plenitude, e seja o Senhor Jeová testemunha sobre vós, o Senhor, desde o templo da sua santidade. (1.2)

Os habitantes da terra, em toda a sua plenitude devem considerar, ouvir cuidadosamente, obedecer (hb. quasabh) a voz do Deus santo.

O juízo de Deus sobre a prevaricação (hb. pesa’, rebelião, transgressão) e o pecado (hb. hatta’ah, ofensa, iniquidade) de Samaria e Jerusalém é anunciado, e deve servir de alerta para todas as nações. O Senhor que edifica, é o mesmo Senhor que transforma tudo em um montão de pedras, ao ponto de expor os fundamentos (1.6). O pecado da idolatria (prostituição espiritual) é denunciado (1.7). Outros pecados são citados ao longo do livro, tais como a injustiça social, a violência, a mentira, a corrupção e a formalidade do culto.

Longe de ser insensível, um profeta de Deus não se alegra com os erros do seu povo, antes, chora e lamenta pela situação (1.8).

OS CHEFES (REIS, PRINCÍPES, SACERDOTES E PROFETAS) DEVEM OUVIR A VOZ DO SENHOR

Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel: não é a voz que pertence saber o direito? (3.1)

Os chefes (hb. ro’s, governantes, líderes), que deveriam trabalhar para o bem do povo, maquinavam e praticavam o mal (2.1), cobiçavam os campos e as casas dos menos afortunados, e na condição de opressores e exploradores, tomavam dos mais pobres os seus bens e a sua herança, e isso usando de violência (2.2-3). Aqueles que deveriam ser promotores da justiça pervertiam o direito (3.1). A injustiça social era tanta que a metáfora utilizada para descrevê-la é muito forte:

A vós que aborreceis o bem e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles e a sua carne de cima dos seus ossos, e que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne do meio do caldeirão. (3.2-3)

Não muito diferente dos dias de Miqueias, boa parte da liderança política no Brasil vive da miséria alheia, e como recompensa são recebidos em nossas tribunas e púlpitos, e apoiados em períodos eletivos. O pior é que algumas lideranças evangélicas sabem da situação, mas se fazem de desinformadas. Quantos “fichas sujas” não foram apoiados por pastores na última eleição? Com quantos corruptos, ladrões e bandidos não foram feitos alianças e acertos imorais e ilegais?

Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacó, e vós maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo que é direito, edificando Sião com sangue e a Jerusalém com injustiça. (3.9-10)

O grave nisso tudo é a conivência dos sacerdotes (autoridade religiosa), que deveriam confrontar o rei e os príncipes com a Lei do Senhor. As sentenças são dadas em troca de presentes, enquanto os ensinos dos sacerdotes buscam os seus interesses pessoais, ou seja, ensinavam por conveniência (3.11a). Não nos parece tal postura com a de alguns ensinadores e pregadores, que em busca de seus próprios interesses (agendas, ofertas, permanência no cargo, presentes, etc.) ensinam e pregam por conveniência?

E o que falar dos profetas? Deixemos que o próprio texto nos fale:

Não profetizeis; os que profetizam, não profetizem deste modo, que se não apartará a vergonha (2.6)

Se houver algum que siga o seu espírito de falsidade, mentindo e dizendo: Eu te profetizarei acerca do vinho e da bebida forte; será esse tal o profeta deste povo. (2.11)

[...] e os seus profetas adivinham por dinheiro, e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá. (3.11b)

Mais uma vez a semelhança com os dias atuais é muito grande. O número de mercenários e mercadores da pregação e do ensino se multiplica na igreja. O pior é que tem quem pague pelos altos cachês dos “astros e estrelas da fé”. Pelos profissionais do púlpito.

Um pastor amigo meu, presidente de uma campo eclesiástico num dos estados do Brasil, me falou que um destes lhe procurou em seu gabinete, e  lhe confessou que apesar de uma agenda muito concorrida, e de pregar em grandes eventos, na realidade não era crente de verdade. O pregador disse que tudo que fazia era mera repetição do que aprendeu observando. Quantos não existem na mesma condição? Há um livro que pretendo publicar no próximo ano, onde mais uma vez falarei da crise na pregação e no ensino dentro das igrejas evangélicas brasileiras.

Para os chefes de seu povo o Senhor diz:

Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedra, e o monte desta casa, em lugares altos de um bosque. (3.12)

Os líderes podem cooperar para o crescimento e desenvolvimento de um povo, de uma nação, de uma igreja, ou para a destruição destes. Podem ser canais de bênçãos, ou podem atrair juízo.

Denunciar o pecado da liderança e de um povo nunca foi tarefa fácil. A liderança é detentora do poder de matar e deixar viver, incluir ou excluir, abrir portas ou fechar portas (isso tudo dentro de uma vontade permissiva de Deus). É por isso que Miqueias afirma:

Mas, decerto, eu sou cheio da força do Espírito do Senhor e cheio de juízo e de ânimo, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado. (3.8)

Somente cheio do Espírito é que um homem ou uma mulher de Deus pode convocar seus pares ao arrependimento e à conversão ao Senhor, e isso sem temer as consequências, sem se preocupar com o martírio.

CONCLUSÃO

Apesar dos juízos de Deus, o livro de Miqueias nos apresenta também uma mensagem de esperança e de restauração (2.12-13; 4.1-13; 5.2- 4, 9; 9.7-9).
Uma belíssima exortação encontra-se em Miqueias, que manifesta a vontade de Deus em nossa relação com o próximo e com Ele:

Ele te declarou ó homem o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus? (6.8)

O livro termina com uma oração onde os atributos comunicáveis de Deus são destacados e exaltados:

Quem, ó Deus é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade. Tornará a apiedar-se de nós, subjugará as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Darás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a benignidade que juraste a nossos pais desde os dias antigos. (7.18-20)

Amém!

Jundiaí-SP, 13/11/2012

ELABORADO POR: Pr. Altair Germano

Fonte: www.altairgermano.net

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

OBADIAS - O PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO



Texto Áureo: Ob. 1.15
Leitura Bíblica: Ob. 1.1-4, 15-18



INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo marcado pela injustiça, não poucas vezes as pessoas que seguem a Deus são alvo de perseguições. Na aula de hoje, através das palavras de Obadias, aprenderemos que o Senhor é Aquele que julga com retidão. A principio destacaremos aspectos contextuais do livro de Obadias, em seguida, sua mensagem, e ao final, sua aplicação para os dias atuais.

1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Obadias foi um profeta de Judá que pronunciou o castigo de Deus contra a nação de Edom. Existem duas datas prováveis para sua mensagem profética: 855 e 840, durante o reinado de Jeorão em Judá, ou talvez durante o ministério de Jeremias, por volta de 627 e 586 a. C. Pouco se sabe a respeito de quem foi Obadias, sabemos apenas que seu nome significa “servo” ou “adorador”. O propósito é mostrar que Deus é Aquele que julga os que afligem o Seu povo. O versículo-chave se encontra em Ob. 1.15: “porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se faça contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça”. O estilo literário do livro se assemelha a um cântico fúnebre de condenação, e está repleto linguagem poética. A mensagem se dirige aos edomitas, uma nação vizinha de Judá, ao sul, que tinham fronteiras comuns. Isso acirrava a disputa entre essas nações, os edomitas não gostavam de Judá. Nessa época a capital de Edom era Sela, uma cidade considerada invencível, tendo em vista sua localização em penhascos, com acesso apenas por meio de um desfiladeiro sinuoso. Por causa disso os edomitas eram orgulhosos e presunçosos. Eles achavam que jamais seriam vencidos por qualquer poderio inimigo. A autossuficiência os conduziu à ruina, a segurança se mostrou aparente quando lhe sobreveio o juízo divino. O livro de Obadias, que é o menor do Antigo Testamento, contendo apenas um capítulo, pode ser assim estruturado: O julgamento pronunciado contra Edom (Ob. 1-14); O resultado do julgamento (Ob. 15-18); e A possessão de Edom por Judá (Ob. 19-21).

2. A MENSAGEM DE OBADIAS
A mensagem de Obadias destaca a inimizade entre Judá e Edom e prefigura, através da destruição desta nação, o julgamento que sobrevirá sobre todas as nações que se oporão a Israel. Obadias denuncia a soberba humana das nações, tendo em vista que essa soberba – zadon em hebraico – alimenta a falsa esperança nos métodos humanos (v. 3,4). A soberba é decorrente da prosperidade humana, da crença de que é possível subsistir sem a providência divina. A posição social dos edomitas fez com que eles achassem que jamais seriam destruídos. Mas “naquele dia” ou, “no Dia do Senhor”, quando Deus julgar as nações, no tempo vindouro, a opulência da nação terá o seu fim. A causa desse julgamento será a violência – hamas em hebraico - “feita a seu irmão Jacó” (v. 10). Israel sofreu vários ataques ao longo da história, destacamos alguns deles: pelo Egito (I Rs. 14.25-28), pelos filisteus e árabes (II Cr. 21.16,17), pelos sírios (II Cr. 24.23,24); por Edom (II Rs. 14.7-14); por vários inimigos na época de Acaz (II Cr. 29.8,9), pela Assíria(II Rs. 18-19) e pelos babilônicos (II Cr. 36.15-22). O ataque dos inimigos produziu regozijo nos edomitas, eles celebravam as invasões sobre Judá. Por causa disso, o Senhor estabelece o princípio da retribuição: “como tu fizeste, assim se fará contigo”. Há ainda uma promessa para o futuro, na dimensão escatológica, virá a paz sobre o povo de Deus. A salvação se espalhará desde o monte Sião, quando, ao final, o Senhor reestabelecerá o Reino na terra. Essa é mais uma alusão profética ao período do milênio, que se concretizará quando Cristo volta, com poder e grande glória, para reinar (Ap. 19).  

3. PARA HOJE
O orgulho é a destruição de todo ser humano, e muitas igrejas também padecem desse terrível mal. Jesus alertou a igreja de Laodiceia porque essa se achava autossuficiente (Ap. 3.17). Algumas igrejas ostentam a sua riqueza, do seu número de membros, influência política, entre outros males. Não sabem elas que Jesus está do lado de fora, batendo à porta, sem oportunidade para entrar. Não podemos esquecer que o pecado de Satanás foi exatamente o do orgulho, pois este quis subir até o lugar do Altíssimo, o final foi a sua queda (Is. 14.14). A orientação de Deus, para o Seu povo, é a de humildade, como demonstração da nossa dependência dEle. Conforme está escrito em II Cr. 7.14: “e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. Esse é um texto específico para Israel, mas com aplicação para a Igreja dos dias atuais. Se confiarmos menos em nossas potencialidades humanas e dependermos mais de Deus, veremos as coisas grandiosas que Ele realizará através de nós. Para tanto, precisamos voltar a orar (I Ts. 5.17), pois a falta de oração é uma das manifestações mais concretas do distanciamento de Deus. Não podemos esquecer que sem Cristo nada poderemos fazer (Jo. 15.5). Ao invés de desejarmos o mal aos nossos irmãos, e até mesmo aos inimigos, devemos edificar uns aos outros em amor (Ef. 5.12; Gl. 6.1) e orar por aqueles que nos perseguem (Mt. 5.44).

CONCLUSÃO
Em mundo repleto de injustiças, somos tentados, a todo instante, a desejar o mal aos outros. Os salmos imprecatórios chegam à ponta da nossa língua, a fim de desejar que o pior aconteça àqueles que nos perseguem. Não devemos sequer nos alegrar com a ruína do inimigo, antes orar por ele e desejar que tenha a oportunidade de voltar-se para Deus (Pv. 24.17,18). Como cristãos devemos saber que a vingança pertence a Deus (Dt. 32.35; Rm. 12.19), pois Ele, em tempo oportuno, nos livrará da perseguição e retribuirá o mal de acordo com Sua justiça (Pv. 20.22). A lei “olho por olho e dente por dente” está debaixo da soberania divina, e do “porém” de Jesus (Mt. 5.38,39).

ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W., ALEXANDER, T. D. STURZ, R. J. Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2001.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ENCOEBD/2012



Aconteceu nos dias 19 a 21 de outubro em Joinville/SC o Encontro de Colaboradores da Escola Bíblica Dominical (ENCOEBD/2012). O ENCOEBD é um evento bienal da AD em Joinville-SC, igreja liderada pelo pastor Sérgio Melfior, que também é o secretário da Convenção Catarinense (CIADESCP).

O tema abordado foi “Ensinando a Palavra e Formando Discípulos”, com base em Mt. 28:19,20 onde está escrito:Portanto ide, fazei discipulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. 

Pastores, Líderes de EBD e Discipulado, e professores de todas as faixas etárias participaram das palestras. Os temas abordados Foram:

- Culto de Abertura – (Ev. Sandro Vieira/SC)
- Responsabilidade do Educador Cristão: Ensinar para Transformar Vidas (Pr. Altair Germano / PE)
- O Ofício de Professor de Escola Dominical: Um Ministério em Construção (Pr. Esdras Bentho /RJ)
- Vós sois o Sal da Terra (Pr. Rômulo Tavares /PR)
- Processos Criativos para Professores de Jovens e Adolescentes (Prof. Allan Henrique Gomes /SC)
- Educar e Discipular a Herança do Senhor (Profª Gisele de Souza /SC)
- Formando Discípulos Discipuladores na EBD (Pr. Mário Sérgio/RN)
- Discipulado Alavanca do Crescimento (Joray Jossué Carlesso/SC)
- Capacitação de líderes de criança Chamados para o Ministério Infantil (Karla Maria de Sena/SC)
- Ensino, Mandamento Divino (Ivone de Souza/SC)
- Leitura e Contação de História para os Pequeninos do Rebanho (Jacqueline Schalm/SC)
- Jesus o maior Pedagodo de Todos os Tempos (Barbara M. Garcia/SC)
- Louvor e Devocional ( Marcos Henrique e Banda/SC)

As palestras foram ministradas no Templo Sede da AD em Joinville e na Associação Catarinense de Ensino. A organização e supervisão do evento ficaram por conta dos pastores Josias Rosa (Diretor da EBD) e Aguinaldo Luis (Vice-Diretor da EBD), que contaram com o apoio de uma grande e competente equipe.

O diretor da Escola Dominical, pastor Josias Rosa, informou que o ENCOEBD/2012 contou com a participação de 870 educadores inscritos e um grande numero de assistentes. Em seguida demonstrou a sua alegria e satisfação, destacando que o evento alcançou seus objetivos que são o aprimoramento e capacitação dos nossos professores para o exercicio do magistério cristão.

O Pr. Sérgio Melfior, presidente da IEAD-Joinville, demonstrou bastante satisfação ao fazer seus comentários sobre o evento.

O Evento foi encerrado num clima de espiritualidade seguido de Sorteios de varios Livros, Bíblias, Tabletes e Notebook.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

AMÓS - A JUSTIÇA SOCIAL COMO PARTE DA ADORAÇÃO



Texto Áureo: Mt. 5.20 
Leitura Bíblica: Am. 1.1; 2.6-8; 5.21-23


INTRODUÇÃO
O descaso da igreja evangélica em relação às questões sociais precisa ser revisto. O evangelho de Jesus não é de direita e muito menos de esquerda. Mas ele é, sobretudo, profético, por esse motivo, somos chamados, pela Palavra, a denunciar os descalabros sociais que testemunhamos em nossa sociedade. Na lição de hoje estudaremos a respeito de Amós, um profeta do Senhor que, em seu tempo, se opôs à injustiça social. A partir do seu exemplo, aprenderemos, nesta aula, a fazer oposição profética, em favor dos oprimidos.

1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Amós era um leigo, um profeta boiero em Tecoa, localizada cerca de 16 km ao sul de Jerusalém, onde era conhecido como criador de ovelhas (Am. 1.1) e colhedor de sicômoros (Am. 7.14). Ele foi chamado por Deus para anunciar o Seu juízo sobre Israel, o Reino do Norte, em virtude da sua idolatria e opressão aos pobres. Ao que tudo indica, sua mensagem foi entregue durante os reinados de Jeroboão II, em Israel, e Uzias (Azarias), de Judá, aproximadamente entre 760 a 750 a. C. Aquele era um tempo de prosperidade, as pessoas estavam preocupadas apenas com o bem-estar particular. Os pobres se encontravam em condição de opróbrio, sendo mesmo vendidos como escravos. O versículo-chave do livro se encontra em Am. 5.24: “Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene”. Como resultado da sua experiência como agricultor, Amós utiliza várias metáforas extraídas da vida campestre, fazendo alusão, por exemplo, a uma carroça carregada (Am. 2.13), um leão rugindo (Am. 3.8), uma ovelha mutilada (Am. 3.12), vacas gordas (Am. 4.1) e um cesto de frutos maduros (Am. 8.1,2). Uma das características marcantes de Amós é a coragem, pois não fugiu da responsabilidade, antes denunciou o pecado. Não apenas os pecados morais, mas também os sociais, criticando os sacerdotes (religiosos) e reis (governantes) da sua época. Ao invés de ser complacente, e talvez tirar proveitos dos benefícios da prosperidade, Amós, ciente do seu chamado, se opôs a tudo aquilo que contrariava a palavra de Deus. O livro de Amós apresenta a seguinte divisão: Os oito julgamentos, contra Damasco, Gaza, Tiro, Edom, Amom, Moabe, Judá e Israel (Am. 1,2); Três mensagens de julgamento contra Israel, o seu passado e futuro (Am. 3, 4, 5 e 6); e Cinco visões de julgamento, a locusta, o fogo, o fruto do verão, os pilares, e cinco promessas de restauração (Am. 7, 8 e 9).

2. A MENSAGEM DE AMÓS
A mensagem de Amós, como a de todos os profetas, é de denúncia, ele se dirige às nações pagãs, por tratarem com hostilidade o povo de Deus (Am. 1.3 – 2.3). Em seguida nomeia os pecados de Judá, que, ao invés de seguir a Lei do Senhor, prefere ir após os falsos deuses (Am. 2.4,5). Ele denuncia inclusive o poder judiciário, pois este vende a justiça, não leva em consideração o direito dos mais necessitados (Am. 2.6). Os ricos também são alvo da crítica de Amós, já que estes não demonstram qualquer sensibilidade em relação aos pobres (Am. 2.7). Mas Deus não permitirá para sempre que esse descaso aconteça, Ele julgará aqueles que sabendo fazer o que é reto, se voltam para o mal (Am. 3.2-8). Os opressores serão devorados pela boca do leão, seus altares e casas de verão serão transformados em ruína (Am. 3.12-15). As mulheres ricas, comparadas às vacas de Basã, por causa da gordura, serão julgadas (Am. 4.1-11). As advertências de Amós prosseguem, ele orienta o povo a buscar a Deus, a não perverter o direito à justiça e a fazer o que é certo (Am. 5.3-14), pois o Dia do Senhor virá (Am. 5.18-20). A riqueza, como um fim em si mesmo é criticada pelo profeta, pois essa somente serve para afastar as pessoas de Deus (Am. 6.3-7). A confiança nos governantes também é apresentada como uma ilusão, pois aquilo que eles colherão será consumido pelos gafanhotos (Am. 7.1). Os sacerdotes não eram fiéis a Deus, mas aos reis, o santuário não era mais do Senhor, os governantes tomaram conta dele (Am. 7.13). Esse complô fazia com que os ricos lucrassem com a pobreza (Am. 8.6), e o pior, faziam isso em nome de Deus, já que tinham o apoio religioso dos sacerdotes (Am. 9.8-10).

3. PARA HOJE
A condição da sociedade atual não é muito diferente daquela dos tempos de Amós. O dinheiro tornou-se o deus adorado com naturalidade, inclusive entre os evangélicos. Jesus fugiu da tentação de Satanás, não se deixou conduzir pelos ditames da fama e da riqueza (Mt. 4.1-11). Infelizmente a igreja não tem tomado à mesma atitude, os pastores se vendem por qualquer barganha política. Em nome de Deus, e a fim de manterem seus privilégios, eles vendem os crentes a cada eleição. Mamom, o deus das riquezas, comumente denominado de Mercado, é adorado a luz do dia (Mt. 6.24). A teologia da ganância aproveita essa tendência para cultuá-lo, ainda que este tenha proveniência duvidosa. Há até aqueles que fazem oração de agradecimento pela propina recebida, como se isso fosse algo natural. Os cultos estão se transformando em verdadeiras cultomícios, os crentes não se reúnem para a adoração a Deus, antes para escolherem seus candidatos. Esses candidatos do “povo de Deus”, uma vez eleitos, se comprometem apenas com seus interesses, os dos pastores que os elegeram e dos seus partidos. Quando assumem uma pauta, não passa de mero moralismo hipócrita, pois defendem os princípios da “família”, mas pactuam com a injustiça social, privando o necessitado do seu direito. Alguns juristas, que fazem parte desse sistema, julgam sempre pelos mais ricos, enquanto o pobre é desconsiderado. Há todo um sistema que funciona de modo a perpetuar a injustiça social, inclusive cooptando os sacerdotes (pastores) para que esses apoiem os reis (governantes). É nesse contexto que Deus continua levantando os seus profetas, homens e mulheres comprometidos com os princípios da Palavra de Deus.

CONCLUSÃO
Deus não tem partido político, não é de direita nem de esquerda, mas não admite a injustiça social. Os profetas do Senhor sempre foram instrumentos para denunciar a opressão aos mais pobres (Is. 1.15-17). Eles sabiam que nem toda riqueza provem de Deus, pois não são poucos os que enriquecem indevidamente (Ez. 22.29). Ao invés de buscar tesouros na terra, o cristão deve se voltar para os tesouros dos céus, onde o ladrão não rouba, nem a traça corrói (Mt. 6.19-23). A ganância é uma forma de idolatria (I Co. 5.10,11; 6.10), por isso, ai daqueles que oprimem aos pobres, que fazem fortuna usurpando os direitos dos oprimidos, pois a mão do Senhor pesará sobre esses (Tg. 2.5-7).

ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa


BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
HUBBARD, D. A. Joel e Amós: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A ATUALIDADE DOS PROFETAS MENORES


Texto Áureo: Rm. 12..26 
Leitura Bíblica: II Pe. 1.16-21


INTRODUÇÃO
Quase um quarto da Bíblia é composta de livro proféticos, mas, paradoxalmente, pouca atenção tem sido dispensada a esses livros. A mensagem dos profetas, ainda hoje, são impopulares, por isso são evitadas nos púlpitos de algumas igrejas. Ao longo deste trimestre estudaremos os profetas menores, destacando sua atualidade para igreja contemporânea. Na aula de hoje destacaremos o caráter da mensagem profética e apresentaremos os doze profetas menores que serão estudados nas próximas lições.

1. A MOTIVAÇÃO PARA ESTUDAR OS PROFETAS
Alguns estudiosos fazem objeção ao estudo dos profetas porque, para eles, como estamos na Nova Aliança (Rm. 15.4), essa seria uma mensagem desnecessária. Para os crentes poucos afeitos ao estudo da Escritura, por isso não frequentam a Escola Dominical e muito menos os cultos de ensino, não é preciso conhecer essa mensagem para ir ao céu. Esses, muitos outros pouco afeitos ao estudo, acham que é perder tempo demais com uma mensagem desinteressante. Mas tantos os estudiosos que enfocam apenas o Novo Testamento, quanto àqueles que têm preguiça de estudar a Palavra, estão equivocados, pois deixar de ler a mensagem profética, e a Bíblia como um todo, é um desrespeito à inspiração – theopneustia em grego – da Escritura, que é útil – em todas as épocas – para a instrução e santificação daqueles que dizem seguir a Cristo (II Tm. 3.16; II Pe. 1.19-21). O Antigo Testamento, e nele os livros proféticos, era a Bíblia que Jesus lia, esse era o texto que os apóstolos citavam quando faziam alusão à mensagem profética, por esse motivo não podem ser dispensados pela igreja cristã. Mateus cita os profetas 67 vezes, como em Mt. 1.23; 2.6, isso mostra que essa parte da Bíblia é importante. Os primeiros sermões apostólicos eram fundamentados nas Escrituras (At. 2.17-34; 3. 22-25; 7). O livro de Romanos contem 60 citações ao Antigo Testamento, como Rm. 1.16,17, em referência a Hc. 2.4. A Epístola aos Hebreus contém 59 citações do Antigo Testemanto, exemplos Hb. 5.10,11; 9.5).

2. A INSTITUIÇÃO PROFÉTICA NO ANTIGO TESTAMENTO
Os profetas foram instituídos pelo próprio Deus, em Dt. 18.9-22 nos deparamos com a orientação divina em relação à mensagem profética. O povo de Israel recebeu do Senhor a Lei (Torah) e essa deveria servir de instrução para a nação. Mas diante das superstições do povo, ao se deixar influenciar pelas nações vizinhas, a mensagem dos profetas seria importante, a fim de conduzir a nação aos caminhos do Senhor. O profeta do Antigo Testamento era um porta voz de Deus – nabbi em hebraico – ele não apenas predizia o futuro, mas, principalmente, alertava o povo em relação aos pecados. Os profetas recebiam as mensagens do Senhor de formas variadas, às vezes, através de sonhos e visões. Outra palavra para profeta no Antigo Testamento é roeh, e sendo traduzida comumente por vidente. As palavras nabbi e roeh se distinguem no que tange à relação entre o profeta e Deus (roeh) e entre o profeta e o povo (habbi). Mas os profetas não falavam de si mesmos, eles anunciavam sob a inspiração divina, nisto repousa a autoridade da mensagem proferida por eles. Eles diziam: “assim diz o Senhor”, e não “assim digo eu”, atestando, assim, a confiabilidade da Palavra revelada.

3. CONTEXTUALIZANDO OS DOZE PROFETAS MENORES
O título atribuído a esses profetas com “menores” não tem a ver com a pouca relevância que por acaso alguém possa atribuir a esses textos. A palavra “menores” vem dos latinos que comparavam o tamanho dos livros com a dos outros profetas, considerados “maiores”, em virtude da extensão dos livros. Os pais da Igreja, dentre eles Agostinho de Hipona (345-430), se referiam aos livros desses profetas como “os doze”. Para compreendermos melhor a mensagem desses doze profetas é preciso contextualizá-los na história de Israel. Para tanto, faz-se necessário ressaltar que alguns deles profetizaram para o Reino do Norte outro para o Sul, alguns deles antes do cativeiro e outros depois do cativeiro. Obadias, Joel e Jonas foram profetas do século nono antes de Cristo, no período do governo assírio. Oséias, Amós e Miquéias foram profetas do século oitavo antes de Cristo, ainda no período do governo assírio. Sofonias, Naum e Habacuque foram profetas do século sétimo antes de Cristo, o período do governo caldeu. Ageu, Zacarias e Malaquias são profetas pós-exílicos, isto é, do período posterior ao retorno do povo de Judá do cativeiro babilônico. Esses profetas foram guiados pelo Espírito Santo para revelarem a mensagem de Deus, eles se reconheciam como tais, eram arautos do Senhor (Ag. 1.3; Am. 3.7; Mq. 3.8). A palavra profética é atual porque trata a respeito de temas que vão além do contexto daquela época, eles chamaram o povo para um relacionamento fiel com Deus (Oséias), para o derramamento do Espírito Santo (Joel), para a justiça social (Amós), a necessidade da retribuição (Obadias), o valor da misericórdia divina (Jonas), a importância da obediência (Miquéias), o limite da tolerância divina (Naum), a soberania de Deus (Habacuque), o juízo vindouro (Sofonias), o compromisso do povo da aliança (Ageu), o reinado messiânico (Zacarias) e a sacralidade da família (Malaquias).

CONCLUSÃO
A mensagem geral dos profetas menores pode ser resumida a partir da declaração de Mq. 6.8. E essa palavra se aplica perfeitamente à Igreja dos dias atuais, ao longo dos próximos estudos, veremos, através das exortações dos arautos de Deus, que o Senhor deseja que promovamos a justiça, que sejamos fieis a Deus, e, sobretudo, que vivamos em obediência.

ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
IRONSIDE, H. A. The minor prophets. Grand Rapids: Kregel, 2004.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A VIDA PLENA NAS AFLIÇÕES


Texto Áureo: Fp. 4.12,13
Leitura Bíblica: Fp. 4.10-13


INTRODUÇÃO
Ninguém está livre de aflições, nem mesmo os cristãos, essa é uma verdade bíblica e experiencial (Jo. 16.33). Estudaremos, na lição de hoje, a última do trimestre, que as aflições são reais. Inicialmente apresentaremos uma abordagem bíblica a respeito das aflições. Em seguida, trataremos sobre as aflições na vida do apóstolo Paulo, e ao final, mostraremos encaminhamentos escriturísticos para uma vida plena, apesar das aflições.

1. AS AFLIÇÕES DA VIDA
Conforme estudamos ao longo deste trimestre, muitas são aflições do justo (Sl. 34.19). As pessoas podem perder o que têm, tal como aconteceu com Jó (Jó. 1.11-19), os próprios entes queridos (I Sm. 18.14), e a honra (Jó. 15.35). A doença é considerada uma das principais aflições na vida do crente (Pv. 18.14). A violência, desde a antiguidade, perturba o ser humano (Sl. 94.3-7; Is. 1.15-17). Atrelada a essa está a cultura do medo, que provoca pavor e pânico nas pessoas  (Jó. 4.13,14). Em uma sociedade que privilegia o sucesso, as pessoas também têm medo do fracasso (Sl. 31.17; Is. 37.27). Diante das aflições o crente reage de formas diversas, alguns deles tentam fugir (I Rs. 19.3), gemem e choram (Sl. 79.11; Ez. 21.11). Mas como cristão, temos Cristo o maior exemplo diante dos sofrimentos (Is. 53). Ao invés da angústia, podemos ir adiante, inspirado na fé dos antigos (Mt. 5.12; At. 7.53; Hb. 11.35-38; Tg. 5.10). Isso mostra que não estamos sozinhos, nos identificamos tanto com aqueles que sofreram antes de nós quanto com aqueles que sofrem no momento presente, na comunidade da fé (I Co. 12.26). A cada dia passamos por aflições diversas, algumas de ordem política, outras social e econômica (Lc. 16.19; At. 12.1; Hb. 10.34; Tg. 2.6). Mas como Cristo temos consciência da nossa missão na terra, que é servir, e não ser servido (Mc. 10.33), em obediência até a morte (Fp. 2.8). Muitas igrejas atuais fogem da mensagem da cruz, isso porque ela continua sendo escândalo e vergonha (I Co. 1.8), ninguém quer ser fraco ou perdedor (Mc. 8.32,33). O caminho de Jesus é diferente, pois Ele sabe o que é padecer, na cruz passou pela dor do abandono (Mc. 15.34; I Co. 1.23; 2.2). Sua morte teve um caráter sacrificial, através dela Ele retirou os pecados daqueles que  creem (Hb. 2.14,18; 4.15; Jo. 12.24; 13.1; 15.12). A salvação é garantida aqueles que creem, não precisamos mais sofrer para sermos salvos, mas para nos identificarmos com a condição cristã (Jo. 15.20; II Co. 4.8; Fp. 3.10).

2. AS AFLIÇÕES NA VIDA DE PAULO
Paulo tinha consciência da sua identificação com as aflições de Cristo (II Co. 6.8-10). Por isso, apesar de tudo, e contra todos, nos ensina a não nos desesperarmos, nem pensar que estamos desamparados (II Co. 4.10), pois a vida nos aguarda, mesmo diante da morte (II Co. 6.9).  Nem mesmo a fraqueza deve ser motivo de desequilíbrio, pois quando pensamos que estamos fracos, na doença e na perseguição, somos fortalecidos pela graça do Senhor (II Co. 12.9). Na medida em que tomamos parte nos sofrimentos de Cristo, também nos alegramos na bendita esperança da glória (I Pe. 4.13). Enquanto caminhamos, nos voltamos para os fracos e necessitados deste mundo, tal como fez o Senhor Jesus Cristo (I Ts. 1.6). Ao invés da fama terra, a motivação do crente para estar na igreja, e ser igreja, é servir, seguindo o exemplo de Cristo (Mc. 10.45). O mundo é contra Deus, ele perseguiu a Cristo, por essa razão os crentes estão no mundo, como ovelhas no meio de lobos (Mt. 10.16). Paulo estava ciente dessa verdade, quando Jesus o chamou não lhe prometeu glória, honra e riqueza, mas sofrimento por amor a Ele (At. 9.15). Seguir, para o Apóstolo, significava completar o ministério de Jesus (At. 20.24), como diáconos de Deus (II Co. 6.4). Muitos foram os seus sofrimentos de Paulo (II Co. 11.23), e como ele, devemos suportar tal condição (II Co. 1.6; Fp. 1.29) e  enfrentar as adversidades (II Tm. 1.8,12; 4.5). Paulo foi levado à presença de governadores e reis por causa de Cristo (Mc. 13:9; Mt. 10.17; Fm. 1.13), sendo acoitado com varas pelos romanos (II Co. 11.32). O mundo segue esses mesmos padrões e deseja que todos se dobrem diante do seu governo. Mas os verdadeiros cristãos, por optarem pelo senhorio de Cristo, e serem diferentes, acabam passando por aflições (Jo. 15.18-20; II Tm. 3.12).

3. ESPERANÇA, APESAR DAS AFLIÇÕES
As aflições somente são compreendidas a partir da cruz de Cristo, pois a sabedoria de Deus se revela no Crucificado (I Co. 1.18). É através dessa loucura que somos chamados por Deus (I Co. 1.25), agraciados (Fp. 1.29), bem-aventurados (Mt. 5.33) e cheios do Espírito (I Pe. 4.14). Por isso, apesar das aflições, nos regozijamos no Senhor (I Pe. 4.12), ate mesmo nas fraquezas (II Co. 12.5,9). É nesse contexto que mesmo atribulados jamais perdemos a esperança (II Co. 6.4; Rm. 8.35), perplexos, às vezes, mas nunca desanimados (II Co. 1.8), pois Deus nos consola nas aflições (II Co. 1.4). É maravilhoso saber que as aflições do tempo presente apontam para a dimensão escatológica, para o peso de glória que está reservada aos que creem (Rm. 8.18). Para os adeptos do triunfalismo de Corinto (I Co. 4.8), que se aplica aos destes dias, Paulo destacou que Deus colocou os apóstolos como condenados à morte (I Co. 4.11,12). Muitos querem fama, glória e riqueza agora, mas somente na dimensão escatológica seremos glorificados (Rm. 8.22), na expectação pelos tabernáculos eternos (II Co. 5.4). Naquele dia finalmente Deus enxugará dos olhos toda lágrima, já não haverá mais morte, nem sofrimento, nem pranto nem dor (Ap. 21.4). Enquanto estivermos neste corpo, não podemos desfrutar plenamente das glórias futuras, pois a morte, a última inimiga a ser vencida (I Co. 15.26), ainda não foi totalmente derrotada (II Co. 12.7), trazendo sofrimentos às pessoas (Ap. 2.10). Apesar das aflições, o crente não se entristece, pois o Espírito Santo produz nele a alegria (I Ts. 1.6; 5.16; Gl. 5.22). Essa alegria nos conduz à paciência e firmeza no Deus (Rm. 15.5) que fortalece para toda paciência e persistência (Rm. 12.12; Cl. 1.11; I Pe. 5.1).

CONCLUSÃO
Os que passam por aflições, no tempo presente, partilham com Cristo das Suas tribulações (II Co. 1.5; I Pe. 4.13). Por isso, apesar de tudo, e esperando contra toda esperança (Rm. 5.2; 8.24). Essa convicção dá ânimo para seguir adiante, confiante que que nada nos separará do amor de Deus em Cristo Jesus (Rm. 8.35). Não podemos desanimar pois as aflições apenas mostram nossa solidariedade com as aflições de Cristo e dos irmãos (Rm. 12.4, 15; I Co. 12.12,26). Ao invés de julgarmos, devemos antes carregar  os fardos uns dos outros (Gl. 6.2,10; I Tm. 5.3), suprindo suas necessidades (Tg. 2.15; 5.14). E na fartura ou necessidade, não perdemos a esperança, pois tudo podemos nAquele que nos fortalece (Fp. 4.12)

ELABORADO POR: PROFº. JOSÉ ROBERTO A. BARBOSA

BIBLIOGRAFIA
GERSTENBERGER, E. S. SCHRAGE, W. Por que sofrer?. São Leopoldo: Sinodal, 2007
TADA, J. E. Deus: seu maior aliado nos momentos de dor. São Paulo: Thomas Nelson, 2011.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

sábado, 22 de setembro de 2012

A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO DO CRENTE


Texto Áureo: Mateus. 6.6 
Leitura Bíblica: Marcos. 1.35-45



INTRODUÇÃO
Existem pessoas que se tornam evangélicas por vários motivos: financeiros, políticos, entre outros. Os discípulos perguntaram a Jesus o que eles receberiam por terem deixado tudo para segui-LO (Mt. 19.27). Paulo atestou que muitos seguem a Cristo por razões diversas (Fp. 1.17,18). Na lição de hoje estudaremos a esse respeito, mostraremos que nem todas as motivações do crente, em relação ao seguir a Cristo, são verdadeiras.

1. MOTIVAÇÕES E MOTIVAÇÕES
A palavra motivação, no dicionário, é definida como uma força interna que faz com que as pessoas tomem determinadas decisões e atitudes. As motivações são as mais diversas, e elas, na maioria das vezes, variam de pessoa para pessoa. Existem motivações individuais e coletivas, que persistem e outras que se modificam ao longo do percurso. A motivação sempre tem a ver com objetivos, isto é, com o interesse aonde determinada pessoa ou grupo pretende chegar. Algumas motivações são inatas, como a de conseguir alimento para satisfazer a fome. Mas a maioria delas é adquirida, depende da cultura, e do que as pessoas privilegiam como necessidade. Alguns estudiosos distinguem quatro tipos básicos de necessidades: psicológicas (comer e se vestir), segurança (ordem, estabilidade, rotina), social (amor, afeição, pertencimento), estima (prestígio, independência, status) e autorrealização (emprego e sucesso). Essas motivações são categorizadas a partir de uma perspectiva sociológica, que leva em consideração a relação necessidade e consumo. Mas na perspectiva cristã, existem outras motivações, dentre elas: fé, esperança e amor (I Co. 13. 13; I Ts. 1.3). Os profissionais que atuam na área de marketing são especialistas em identificar as motivações das pessoas. Outra especialidade da propaganda é a de construir necessidades. O consumismo – que não pode ser confundido com consumo - se alimenta da criação de necessidades e motivações.  O cristianismo pode, em alguns contextos, ser comparado a uma mercadoria. Há pessoas que o compram de acordo com suas conveniências, a esse respeito Paulo chamou a atenção do jovem pastor Timóteo e da igreja que este liderava (II Tm. 4.1-4).

2. AS FALSAS MOTIVAÇÕES DO CRENTE
O crescimento do movimento evangélico no Brasil tem favorecido a existência de uma geração de crentes cujas motivações nada têm de bíblicas. Algumas dessas pessoas estão aderindo às igrejas pelos motivos mais diversos e descabidos. A adoção de um modelo evangélico mercantilista, pautado na prosperidade financeira, está atraindo pessoas para as igrejas com interesses meramente monetários. Não são poucas as pessoas que se achegam às igrejas perguntando: o que eu vou ganhar com isso? Os discursos propagados por algumas igrejas televisivas mostram essa realidade. Os adeptos dessa teologia deturpada testemunham da fortuna que fizeram ao adquirir o “produto” de determinada igreja. Há “artistas”, que na verdade nada entendem de arte, que vem para a igreja depois do fracasso na mídia. Como não conseguem mais se projetar na mídia, inventam que são crentes para venderem seus cds gospel entre os evangélicos. As músicas por eles compostas são de péssima qualidade, não passam de vãs repetições, não têm qualquer respaldo bíblico. O culto às celebridades instantâneas e temporárias, decorrentes dos realities shows, também alcançou as igrejas evangélicas. Houve um tempo em que as pessoas eram respeitadas pelo conhecimento bíblico que tinham, e pela vida que testemunhavam. A exposição da Bíblia está sendo substituída, em alguns púlpitos, pelos tristemunhos desses “artistas”. Em entrevista a um canal de televisão, uma modelo (não sei para quem) afirmou que frequentava a igreja porque saia daquele lugar com “alto astral”. As motivações dessas pessoas, ao aderiram a essas igrejas, são meramente utilitaristas. Os “pastores” estão alimentando esse ciclo na medida em que propagam um evangelho que não e o de Jesus Cristo (Gl. 1.9).

3. AS VERDADEIRAS MOTIVAÇÕES DO CRENTE
As motivações verdadeiras do crente são respaldadas pela Palavra de Deus, isso porque é Deus, e não o homem, que diz o que realmente necessitamos. A primeira necessidade do ser humano é a de um Salvador. O salário do pecado é a morte, a condenação eterna (Rm. 6.23), e como todos pecaram (Rm. 3.23), a salvação torna-se uma necessidade prioritária. Deus enviou Seu Filho Jesus Cristo para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3.16). Essa é uma mensagem simples, mas que está sendo esquecida em muitas igrejas evangélicas. O novo nascimento e a santificação tornaram-se doutrinas impopulares, por isso, não são mais ensinadas, é mais vantajoso – principalmente do ponto de vista financeiro - instigar à prosperidade. Mas isso tudo é vaidade, é aflição de espírito, ou como verte uma tradução de Ec. 2.17, é “correr atrás do vento”. A principal motivação do crente deve ser dar glória a Deus, viver para Ele, pois para isso fomos criados (Is. 47.12; I Co. 10.31; Ef. 1.12). A teologia predominante no contexto evangélico brasileiro é antropocêntrica, isto é, coloca o ser humano no centro, ao invés de Deus. O crente não foi chamado para a fama, mas para a simplicidade (Mt. 10.16), a ostentação não é cristã, no evangelho de Cristo não há lugar para soberba (Jo. 13.34,35). O próprio Cristo veio para servir, não para ser servido (Mc. 10.42-45), quem quiser ser o primeiro no Reino de Deus que seja o último (Mt. 20.27). O Reino de Deus está acontecendo, neste exato momento, longe dos holofotes da mídia. Pastores e crentes estão labutando para Deus no anonimato. O discurso do sucesso tem atingido muitos crentes, resultando em uma geração de decepcionados, em virtude das irrealizações. O próprio pastorado, excelente quando levado a sério, não ficou para todos (I Tm. 3.1-7), e alguns crentes, por não conseguirem chegar a essa posição eclesiástica, também se frustram.

CONCLUSÃO
A verdadeira motivação do crente deve ser sempre a de estar com Cristo, a de permanecer nEle, independentemente das circunstâncias, para dar frutos (Jo. 15.1-8). E justamente crescer em santidade, desenvolvendo o fruto do Espírito, deveria ser a meta de todo cristão genuíno (Gl. 5.22). Cristo não prometeu riqueza, fama e poder no presente século. Por isso, a motivação verdadeira do crente deve ser a de continuar no centro da vontade de Deus (Rm. 12.1,2).

ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
CABRAL, E. A síndrome do canto do galo. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
GONCALVES, J. A prosperidade à luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

sábado, 15 de setembro de 2012

AS DORES DO ABANDONO


Texto Áureo: Sl. 68.6 
 Leitura Bíblica: II Tm. 4.9-18


INTRODUÇÃO
As pessoas estão cada vez mais centradas em si mesmas, ninguém tem mais tempo para o outro. Por esse motivo, não são poucas as pessoas que estão sendo abandonadas, inclusive dentro da igreja. Na lição de hoje trataremos a respeito desse problema, mostraremos, a princípio, que essa é realidade constatada na Bíblia. Em seguida, que o abandono pode resultar em solidão. Ao final, apresentaremos encaminhamentos bíblicos para enfrentar a solidão e o abandono.

1. ABANDONO, UMA REALIDADE BÍBLICA
Em II Tm. 4.9-18, Paulo, o Apóstolo dos Gentios, relata sua situação de abandono, ou conforme uma tradução bíblica, de desamparo. O verbo em grego é egkataleipo que significa “ser deixado para trás” ou “ser desertado”. O Apóstolo estava preso, provavelmente em sua última prisão em Roma, por volta do ano 60 d. C. Essas eram suas palavras finais antes de ser executado por Nero, o sanguinário imperador que mandou incendiar a cidade de Roma. A expressão “ninguém me assistiu”, no versículo 16, é um destaque da condição na qual Paulo se encontrava. Mesmo assim, ele não se desesperou, pois entrou um “mas” na história. Ele diz, no versículo 17: “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem e fiquei livre da boca do leão”. Uma tradução literal diria “o Senhor ficou do meu lado”. Mas o caso de Paulo não é único de abandono na Bíblia, desde o Antigo Testamento, o povo de Israel passou por essa realidade. O Senhor sempre prometeu permanecer do lado do Seu povo, mesmo quando este fosse desamparado, azab em hebraico (Gn. 28.15; Dt. 31.6,8). O próprio Jesus passou pala situação de abandono, alguns dos seus ouvintes acharam suas palavras demasiadamente duras (Jo. 6.60). Os discípulos, nos momentos angustiantes que antecederam Sua prisão, O deixaram sozinho (Mt. 26.46,47). Posteriormente, depois da Sua prisão, seus discípulos se distanciaram dEle, Pedro negou que O conhecia (Mt 26.31, 70-72). Na cruz Jesus se sentiu abandonado pelo Pai, citando o Sl. 22.1, Ele clamou em oração: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt. 27.46).

2. O ABANDONO PODE RESULTAR EM SOLIDÃO
Desde o princípio, Deus criou o homem para ter companhia, Ele mesmo atestou que não era bom viver só (Gn. 2.18). Adão estava com Deus, mas precisava de outro ser humano para conviver. Diante dessa necessidade, Deus criou Eva e ordenou que se multiplicassem. Depois da Queda Adão e Eva deixaram de desfrutar da comunhão com o Criador, e entre eles mesmos. O abandono e a solidão têm causas diversas, dentre elas destacamos: 1) sociais – a tecnologia está fazendo com que as pessoas fiquem cada vez mais solitárias e abandonem umas as outras. No trabalho cada um fica no seu espaço reservado, os membros das famílias não têm mais tempo para ficarem juntos; 2) urbanização – na medida em que as pessoas se transferiram para as cidades, foram fechando-se dentro de suas casas, mais recentemente nos apartamentos, vizinhos que mal se conhecem; 3) televisão e internet – está tomando o tempo das pessoas ficarem juntas para conversarem, elas ficam horas à fio diante da tela; 4) baixa autoestima – as pessoas que têm um pensamento negativo a respeito delas mesmas tendem ao isolamento, elas se abandonam antes de serem abandonadas; e 5) medo – por causa das muros, ao invés de pontes, construídas pela sociedade moderna, cultivamos a cultura do medo de nos aproximar do outro. O abandono, juntamente com a solidão, pode causar males às vidas das pessoas. Algumas delas podem desenvolver depressão por causa do isolamento a que são submetidas. O exibicionismo exagerado nas redes sociais – facebook e twitter, por exemplo – pode ser um sinal de solidão. Mas é preciso ter cuidado para não se expor demasiadamente, pois as consequências podem ser desastrosas. Isso porque nem todas as pessoas que estão na rede são compreensivas com aqueles que passam por situações de abandono.

3. COMO ENFRENTAR O ABANDONO
Nem sempre o abandono é uma realidade, na verdade, conforme já destacamos anteriormente, pode ser uma consequência do autoisolamento. Por isso, é recomendável que a pessoa que se sente abandonada, antes de qualquer coisa, não se abandone. O primeiro passo é reconhecer que Deus é Aquele que está sempre pronto a estar ao nosso lado (Is. 42.16). Há casos em que o abandono aconteceu em algum momento da infância e acompanha a pessoa durante a idade adulta. Em tais situações, a saída é orar pedindo a Deus que traga à memória tais aflições (Lm. 3.19), em seguida, entrega-las a Deus em oração. O Salmo 139.1-18 é um modelo de oração que expressa a presença de Deus, mesmo nas situações adversas, quando o sentimento de abandono assola o cristão. Ao invés de se queixar, aprendamos com Paulo a entregar aqueles que nos abandonam a Deus (II Tm. 4.14), e o principal, escolher perdoá-los (Cl. 3.13). A igreja deve ser um ambiente propício à cura do abandono e da solidão, mas infelizmente, como esta também foi contaminada pelo isolacionismo moderno, seus membros não encontram tempo para encorajar uns aos outros (Hb. 3.13). A igreja precisa estar atenta às pessoas doentes, viciadas, solteiras, idosas e desempregadas. Em uma sociedade utilitária, que se preocupa com as pessoas apenas pelo que elas podem fazer, a igreja é tentada a esquecer dessas pessoas. É preciso criar espaços de integração na igreja local, evitar a criação das “panelinhas”. A liderança deve investir em momentos de comunhão, não apenas para o culto, mas para estarem juntas.

CONCLUSÃO
O Deus da Bíblia é de comunhão, por sua própria natureza, é trinitário: Pai, Filho e Espírito Santo. Ele tem interesse que as pessoas vivam umas com as outras, por isso criou a família. A igreja é uma extensão dessa realidade, não por acaso os que se congregam são chamados de irmãos e irmãs. Mas é preciso cultivar relacionamentos na igreja, caso contrário ela perde a razão de ser. Portanto, como diz o autor da Epístola aos Hebreus, no sentido relacional, que deve ser peculiar da ekklesia: “não deixando de congregar como é costume de alguns” (Hb. 10.25).

ELABORADO POR: JOSÉ ROBERTO A. BARBOSA

BIBLIOGRAFIA
LUCADO, M. Você não está sozinho. São Paulo: Thomas Nelson, 2012.
REAL, P. Relacionamentos na igreja. São Paulo: Vida, 2003.

FONTE: www.subsidioebd.blospot.com