quinta-feira, 27 de junho de 2013

EU E MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR

Texto Áureo: Js. 24.15
Leitura Bíblica: Js. 24.14-24



INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos a respeito da decisão de Josué, com sua família, de servir ao Senhor. Inicialmente mostraremos que essa foi uma decisão que não poderia ser postergada, em seguida, que se tratava tanto de uma decisão individual quanto coletiva, e por fim, que o serviço, ou mais precisamente, o culto, deve ser direcionado ao Senhor, somente Ele, e não outro, é digno da nossa adoração. Ao final, faremos o mesmo desavio de Josué, a fim de conclamar as famílias cristãs a servirem ao Senhor, e não optarem pelos valores deste mundo tenebroso.

1. ESCOLHEI HOJE A QUEM SERVIS
Josué não impõe ao povo que esse deveria servir, por obrigação, ao Senhor, antes deveria fazer uma opção. Ele diz: “se vos parece mal o servirdes ao Senhor”, isto é, “se não desejais fazê-lo de bom grado, por contentamento”, escolhei a quem queres servir. Deus não obriga quem quer que seja a servi-lo, fomos dotados, desde o princípio, com o livre-arbítrio, a opção pela decisão. No tempo de Elias o povo estava debatendo-se entre dois pensamentos, e, às vezes, queriam servir tanto a Deus quanto a Baal (I Rs. 18.21). A vontade de Deus é que todos se arrependam, mas Ele deixa que as pessoas façam a sua escolha (At. 17.11; II Pe. 3.9). As famílias podem optar se quem servir ao Deus da Bíblia ou aos deuses do mundo. Esses deuses hoje são materializados através das ideologias, principalmente as materialistas, que negam a existência de Deus, e reduz tudo ao tangível. Mas essa decisão não pode ser postergada, é arriscado deixar para depois, as famílias precisam escolher “hoje” a quem servirão. Muitas famílias se debruçam apenas sobre os valores terrenos, estão fundamentadas no consumismo, transformaram o entretenimento em um deus. Estão adiando a decisão de servir a Deus, os valores midiáticos, que contrariam a Palavra de Deus, são colocados em primeiro plano. A sociedade moderna já fez sua opção, ela prefere o humanismo ateísta, ou um deus de acordo com seus deleites, que não a chame à responsabilidade. O deus desse século está entenebrecendo as pessoas em seus vis prazeres, conduzindo-as à perdição (II Co. 4.4). O hedonismo se tornou a razão de existir, ninguém tem expectativa em relação ao futuro, por isso, comem e bebem, aguardando apenas a morte (I Co. 15.32). Como resultado dessa condição, o desespero está tomando conta das famílias. A riqueza, que também é endeusada, não compra a paz, por isso muitas famílias estão angustiadas diante das incertezas da vida (Mt. 6.25-34).

2. PORÉM, EU E A MINHA CASA
Mas há um “porém”, uma alternativa, outra possibilidade, a de não se coadunar com os valores deste mundo (Rm. 12.1,2). Diante dos muitos deuses disponíveis daquela época, inclusive o dos amorreus (Js. 24.18), o povo de Israel tinha outra opção. Esse “porém” precisa ser observado pelas famílias cristãs como uma contracultura. Não somos obrigados a seguir a “onda” do mundo. Não podemos esquecer que o mundo jaz no maligno (I Jo. 5.19), e que aqueles que vivem na carne não podem agradar a Deus (Rm. 8.8). Há um “porém” para a igreja de Jesus Cristo, bem como para as famílias que dela fazem parte. Os líderes das famílias, assim como fez Josué, precisam tomar a iniciativa. Josué precisava dar o exemplo, ele mesmo precisava colocar-se diante da sua família. Muitos pais já não estão fazendo o mesmo, não se comprometem com o bem estar da família. Há quem esteja delegando a criação dos filhos aos avós, ou mesmo à escola, ou televisão. O culto doméstico não será levado adiante a menos que alguém tome a iniciativa. Os maridos crentes não podem fugir da responsabilidade, cabem a eles a tarefa de chamar a família para o altar. Josué admitiu que a sua casa o seguisse porque aquela era uma sociedade patriarcal. Dificilmente seus filhos se negariam a servir ao Senhor, pois ele já havia tomado essa decisão por eles. De igual modo agiu o carcereiro de Filipos, após perguntar “que farei para ser salvo?”. Ao que Paulo responde, “crê no Senhor Jesus e será salvo tu e a tua casa” (At. 16.31). Essa não é uma promessa, mas uma possibilidade, quando os pais tomam uma decisão por Cristo, os filhos, principalmente aqueles que estão em tenra idade, são criados no caminho do Senhor, e quando crescerem, poderão permanecer no temor a Deus (Pv. 22.6). Esse texto de Provérbios também não é uma promessa, mas um princípio geral, que tem sua aplicação. Quanto mais investirmos na instrução dos nossos filhos na Palavra de Deus, menores serão as chances de esses se desviarem.

3. SERVIREMOS AO SENHOR
A declaração de Josué demonstra sua resolução, isto é, que ele sabia o que deveria ser feito. Após avaliar as grandes coisas que o Senhor havia feito por Israel, tirando-o do Egito, conduzindo-o pelo deserto, e trazendo-o à terra prometida, não havia razões para ir após outros deuses. O povo respondeu a Josué dizendo “serviremos ao Senhor, nosso Deus, e obedeceremos à sua voz” (Js. 24.24). A história demonstrará, posteriormente, que esse povo, com o passar do tempo, optou pelos deuses das nações vizinhas. O livro bíblico de Juízes revela o ciclo de pecado, sofrimento, súplica e salvação do Senhor. Mas não importa o que o mundo escolha, muito menos o que farão as futuras gerações, nós, hoje, devemos tomar nossa decisão pela Palavra de Deus. Precisamos aprender a servir ao Senhor com alegria, apresentar a Ele com cânticos, e hinos de louvor e adoração (Sl. 100.1,2). Fomos chamados para servir a Deus, o serviço é marca fundamental do cristão. Jesus é o maior exemplo, pois o filho do homem veio para servir, não para ser servido (Mc. 10.35). O serviço cristão é tanto horizontal quanto vertical, devemos tribular louvor e adoração a Deus, de todo coração, fundamentado em nosso amor e gratidão (Mt. 22.37). Mas também precisamos servir aos nossos irmãos, a igreja é um ambiente de serviço, não de intrigas e disputas por cargo. Quando alguém quiser ser o maior na igreja, deve saber que somente poderá fazê-lo servindo cada vez mais (Mt. 20.26). O serviço cristão é uma disposição espiritual, não carnal, para ser usado por Deus, e como nos dias de Josué e Elias, ninguém pode servir a dois senhores, pois haverá de agradar a um e aborrecer ao outro (Mt. 6.24). O serviço ao Senhor está relacionado também à adoração, e o princípio bíblico a esse respeito é o de que Deus busca adoradores. E esses o fazem não através do engano e da idolatria, mas em verdade, em Cristo, revelado nas Escrituras, e em espírito, não através do que pode ser visto ou tocado, mas no Espírito, que nos eleva a Deus em Cristo (Jo. 4.24).

CONCLUSÃO
O mundo já tomou sua decisão, segue após os seus princípios, que nada têm de cristãos. Muito pelo contrário, o que predomina no mundo é a “concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (I Jo. 2.15). Nós, porém, com as nossas famílias, permanecemos naquilo que aprendemos, e de que fomos inteirados, sabendo de quem aprendemos (II Tm. 3.14,16).  Enquanto o mundo coxeia entre dois pensamentos, e segue após o deus deste século, nós, as famílias cristãs, decidimos por servir ao Senhor, e como Josué, declaramos: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js. 24.15).

ELABORADO POR: José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA

COLSON, C., PEARCEY, N. E agora, como viveremos? Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A FAMÍLIA E A ESCOLA DOMINICAL


Leitura Bíblica: Ne. 8.1-7
TEXTOÁUREO: DT. 31:12

INTRODUÇÃO
A Escola Bíblica Dominical (EBD) é uma das maiores agências de ensinamento da igreja, mas, infelizmente, ainda pouco valorizada. Na aula de hoje estudaremos a respeito da importância da EBD, principalmente para as famílias cristãs. Antes trataremos sobre sua história, e por fim, sua vasta contribuição para a formação de pessoas comprometidas com a Palavra e o Reino de Deus. Esperamos que a aula de hoje sirva de despertamento, principalmente para a liderança da igreja, a fim de que esta perceba o valor dessa escola para a formação da família, e, por conseguinte, de obreiros.

1. A ORIGEM DA ESCOLA DOMINICAL
A Escola Dominical como conhecemos hoje é resultado da contribuição do jornalista anglicano inglês Robert Raikes. Preocupado com a situação social das crianças inglesas em Glaucester, decidiu ocupa-las aos domingos, para não se envolverem com vícios. Isso porque, em decorrência da revolução industrial, as crianças trabalhavam nas fábricas durante a semana, mas ficavam ociosas nesse dia da semana. A alternativa foi criar uma escola gratuita, com a ajuda do Rev. Thomas Tock, ministro anglicano, que conseguiu matricular cem crianças, com faixa etária entre seis a quatorze anos de idade. O objetivo principal da Escola Dominical era trabalhar o desenvolvimento do caráter dessas crianças através do ensinamento bíblico. Inicialmente a Escola Dominical era uma atividade paraeclesiástica, que funcionava na Rua Saint Catharine, como uma obra social. Algumas crianças não queriam vir para a Escola Dominical porque suas roupas eram estavam rotas. Raikes providenciou roupas novas e material de higiene para que elas não se envergonhassem de frequentar aquele instituto infantil. As aulas iniciavam às 10h e prosseguiam até às 14h com aulas bíblicas e também de matemática, história e inglês, com intervalo de uma hora para o almoço. Após a aula as crianças eram conduzidas à igreja, onde recebiam ensinamento doutrinário até às 17h30min. A Escola Dominical surtiu um efeito tão positivo que levou Raikes a divulgar seu resultado em seu jornal no dia 03 de novembro de 1783, data em que se comemora, no Reino Unido, o dia da fundação da Escola Dominical. Em 1784 a Escola Dominical contava com 250 mil crianças matriculadas, como resultado, a criminalidade em Glaucester caiu. O trabalho causou tanto entusiasmo que acabou sendo copiado em outros países, inicialmente nos Estados Unidos. A igreja anglicana não aceitou de bom grado o movimento da Escola Dominical, justificando que se tratava de um ensinamento realizado por leigos. Houve uma solicitação, no parlamento inglês, em 1800, para que as escolas dominicais fossem interrompidas. Quando Raikes faleceu, 1811, de um ataque de coração, 400 mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais do mundo. Nesse mesmo ano a Escola Dominical se abriu para adultos, criando, assim, a divisão em classes. A Escola Dominical foi fundada no Brasil em 19 de agosto de 1855 pelo casal de missionários escoceses Robert Sarah Kalley, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Apenas cinco crianças assistiram aquela primeira aula, que, posteriormente, se espalhou para o Brasil inteiro através das várias denominações evangélicas.

2.  A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DOMINICAL
A Escola Dominical moderna surgiu através de uma necessidade social, mas, sobretudo, espiritual. Seus princípios remetem ao período bíblico, tendo em vista que Deus, já no Jardim do Éden, deu instruções claras ao primeiro casal (Gn. 3.8-11). Posteriormente, Deus delegou aos pais a responsabilidade de transmitirem aos filhos a Sua Palavra (Dt. 6.7-9). Com o passar do tempo, e em decorrência da institucionalização da religião judaica, os sacerdotes também assumiram essa tarefa (Dt. 24.8), e também os profetas (Is. 6.8-10; Jr. 11.1-4). Os reis piedosos reconheciam a valor do ensinamento da lei de Deus, para tanto favoreciam as condição para que a instrução acontecesse (II Cr. 17. 7-9). O despertamento para a exposição da palavra sempre resultou em despertamento espiritual, tanto na história de Israel quanto da Igreja. Exemplo disso é o grande avivamento judaico após o cativeiro babilônico, nos tempos de Esdras e Neemias (Ne. 8.1-9). No Novo Testamento, Jesus é o exímio exemplo de ensinador, não por acaso era reconhecido como Rabi, Mestre (Jo. 3.2). Após Sua morte e ressurreição, Jesus comissionou sua igreja a fazer discípulos em todas as nações (Mt. 28.19). Esse é um dos principais objetivos da Escola Dominical, ensinar tudo aquilo que Jesus fez e ensinou (At. 1.1,2). Mas muitas igrejas, inclusive obreiros, deixam de dar o devido valor à Escola Dominical, colocando-a em segundo plano. A obsessão por um crescimento meramente quantitativo tem distanciado muitas igrejas da visão de discipulado ensinada por Jesus. O descaso com a Escola Dominical pode ser percebida, por exemplo, pela ausência da liderança nas aulas. Antigamente esse era o principal instituto de formação de obreiros. Os candidatos ao ministério não eram consagrados a menos que fossem alunos assíduos da Escola Dominical.  A realidade tem sido cada vez mais modificada, a própria arquitetura das igrejas não considera a Escola Dominical. Existem espaços para as multidões, mas não há salas de aulas preparadas para receber seus alunos. Os professores são escolhidos não pelo esmero para ensinar (Rm. 12.7), mas pela proximidade com algum líder da igreja. Na verdade, a frequência na Escola Dominical deveria ser um critério para a escolha de pessoas para atuar em todos os trabalhos da igreja. A Assembleia de Deus não tem ainda uma tradição consolidada no ensinamento bíblico em institutos. Por isso, a Escola Dominical, na maioria dos casos, funciona como o último reduto para a formação de líderes. As Escolas Bíblicas, outrora realizadas por vários dias, são realizadas atualmente em apenas um final de semana, deixando muito a desejar. Sem um ensinamento consistente e sistemático da Bíblia estaremos fadados a uma liderança franca, levada por qualquer vento de doutrina, que não maneja bem a palavra da verdade (II Tm. 2.15).

3. A FAMÍLIA NA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
As famílias também precisam aprender a valorizar a Escola Dominical como recurso institucional para formação bíblica dos membros da Igreja. O currículo da Escola Dominical favorece um ambiente que assiste a todas as faixas etárias da igreja. A família inteira pode ser abençoada através da instrução bíblica na Escola Dominical. Há currículos para as crianças, bem como para jovens e adultos. A Escola Dominical é um instrumento valioso que contribuiu para o cumprimento de Pv. 22.6 na vida das crianças. Os jovens também podem aprender, através da Palavra de Deus (Sl. 119.9), a fugirem do pecado (II Tm. 2.22). Isso porque como estava escrito na contracapa de Bíblia de Dwight Moody “ou este livro me afastará do pecado ou o pecado me afastará deste livro”. Os jovens evangélicos de hoje carecem de formação bíblica, os adultos também. As pesquisas revelam que os evangélicos da atualidade não sabem sequer encontrar passagens na Bíblia. Há quem não saiba, por exemplo, se determinado livro se encontra no Antigo ou Novo Testamento. Existe um movimento forte na igreja evangélico em prol da ortopraxia, isto é, de uma vida cristã condizente com a verdade. Mas é pouco provável que tenhamos ortopraxia sem uma ortodoxia firme (Fp. 4.9). Aqueles que se integram às igrejas somente poderão fazer aquilo que forem ensinados (II Tm. 3.16). É a partir do conhecimento revelado, e da intimidade com Deus que desenvolverão o fruto do Espírito (Gl. 5.22). Para que os crentes possam produzir frutos, é necessário que esses permaneçam em Cristo, a Videira Verdadeira (Jo. 15.1-16). Ele é a Palavra, devemos ouvi-LO, caso contrário, não passaremos de cristãos nominais, descompromissados com a fé genuína, uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3). A ilusão das igrejas numerosas está causando um terrível mal ao movimento evangélico brasileiro. O crescimento numérico está contribuindo apenas para um acúmulo de gente, descompromissada com a Palavra, que não podem ser chamadas de discípulos de Cristo, pois se negam a carregar a cruz (Mt. 16.24). A igreja deve estimular as famílias a frequentarem a Escola Dominical, mas ao invés de apenas enviarem seus filhos, os pais devem ir também, conduzindo seus filhos no caminho, dando o exemplo.

CONCLUSÃO
Em alguns arraiais evangélicos já se fala na falência da Escola Dominical, mas nem todos acreditam nessa falácia. Todos aqueles que reconhecem seu valor inestimável, continuam a defendê-la, e a trabalharem por ela. Se existe um trabalho na igreja que merece investimento, inclusive financeiro, é a EBD. O retorno pode não ser financeiro, muito menos imediato, mas renderão dividendos preciosos no futuro para o serviço cristão, sobretudo, para a eternidade. Pais e mães, a família e a igreja como um todo, não devem medir esforços para fortalecer a Escola Dominical na sua congregação. 

ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
HANDRICKS, H. Ensinando para transformar vidas. São Paulo: Betânia, 1991.

GILBERTO, A. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

A NECESSIDADE E A URGÊNCIA DO CULTO DOMÉSTICO

Texto Áureo: Dt. 11.19 
Leitura Bíblica: Dt. 11.18-21; II Tm. 3.14-17

INTRODUÇÃO
O lar e a igreja são parte de um todo, por isso, o culto doméstico, como extensão do culto no templo, deve ser uma prática constante. Na aula de hoje trataremos a respeito do valor do culto doméstico, mas antes, mostraremos sua base bíblica, e ao final, apresentaremos algumas orientações prática para a realização do culto no lar. Esperamos que através dessa aula as famílias cristãs sejam despertadas para a necessidade e a urgência do culto doméstico.

1. CULTO DOMÉSTICO, A BASE BÍBLICA
A família precisa ter oportunidade de cultuar a Deus não apenas no templo, mas também em casa, no ambiente do lar cristão. O fundamento bíblico para o culto doméstico se encontra em Dt.11, mais especificamente no versículo 19, no qual está escrito: “E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te”. A influência dos pais, na formação espiritual dos filhos, é atestada por Josué, ao declarar: “Mas se vos parece mal servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram os vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorroeus, em cuja terra habitais. Porém, eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js. 24.15). A palavra servir, em hebraico, é abad, e significa trabalhar, atuar, dando ideia que os pais devam se esforçar para repassar para os filhos os valores divinos. O próprio Abraão foi escolhido pelo Senhor “a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor” (Gn. 18.19). O verbo guardar, em hebraico, é shamar, com o sentido de “dar atenção”, mostrando, assim, que o ensinamento é fundamental no processo de formação da visão cristã dos filhos. Em consonância com esse princípio, em Dt. 6.6,7, o povo de Deus recebe a seguinte instrução: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. No Novo Testamento, Paulo instruiu aos pais, para que esses, criem seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor” (Ef. 6.4). Disciplina, em grego, é paideia, que tem a ver com tutoria, ou instrução. Isso quer dizer que os pais precisam educar, e se for o caso, corrigir seus filhos para que esse aprendam a temer, e sobretudo, amar a Deus. A palavra admoestação, em grego, é nouthesia, que reforça a necessidade de adverti-los mediante a Palavra de Deus, para que eles vivem de acordo com as orientações do Senhor. Timóteo, o jovem pastor, é um exemplo de uma criança que foi instruída, desde a tenra idade, nas Sagradas Letras, que o fizeram sábio para a salvação (II Tm. 3.15), tal ensinamento partiu da sua avó, Lóide, e da sua mãe, Eunice (II Tm. 1.2-5).

2.  A IMPORTÂNCIA DO CULTO DOMÉSTICO
O culto doméstico tem grande valor, o principal deles é a comunhão que proporciona no lar, na medida em que os membros da família se unem para adorar a Deus. A família moderna está sendo solapada pela inversão de valores, dentre eles o isolamento. Pais e filhos já não conseguem mais se relacionar, cada um se isola em seu espaço, seja ele físico ou virtual. Por isso é urgente que pais e filhos passem a ter momentos juntos na presença de Deus, a fim de lerem a Bíblia, orarem e cantarem hinos de louvor. Outro valor do culto doméstico é que esse deixa marcas indeléveis para toda vida dos filhos. Como está escrito em Pv. 22.6, quando o filho é ensinado na Palavra, é menos provável que esse venha a se desviar quando adulto. E, se isso vier a acontecer, ele carregará, por toda vida, as instruções que recebeu na infância. Esse é também um momento de partilha, não apenas de problemas, mas também de conquistas, e uma oportunidade singular para tirar dúvidas. O culto doméstico tem um papel fundamental no contexto familiar a fim de espiritualizar as relações. Não podemos esquecer que vivemos em uma época marcada pelo secularismo. A programação televisiva, e até mesmo as escolas, estão pautadas em valores contrários à Palavra de Deus. Através da realização do culto domestico, pais e filhos podem dialogar a respeito dos valores do Reino. Nesse momento todos param suas atividades para ficarem juntos, somente esse motivo já é suficiente, tendo em vista que as pessoas não conseguem mais se relacionarem, nem mesmo dentro do mesmo ambiente físico. A tecnologia está roubando o tempo das famílias, é muito tempo dedicado à televisão e à internet, e quase nada à meditação na Palavra de Deus. Os momentos de adoração, no culto doméstico, favorecem um clima de piedade no lar. Os poucos minutos destinados ao culto doméstico contribuíram para que a família, não apenas dentro, mas também fora do lar, possam ter atitudes mais piedosas (I Tm. 4.7).

3. ORIENTAÇÕES PARA O CULTO DOMESTICO
O culto doméstico não precisa ser demorado, na verdade, é bom que tenha curta duração, não mais que meia hora. É preciso considerar que vivemos em meio a uma sociedade agitada, as pessoas estão assoberbadas de tarefas, inclusive os filhos. Por isso, é melhor fazer um culto doméstico com a duração de 10 minutos diários do que fazer uma vez apenas com uma hora de duração. O horário deve ser apropriado à participação de todos, a fim de que, na maioria das vezes, os membros da família estejam presentes. Se não tiver como realizar o culto doméstico todos os dias, todo o esforço deve ser empreendido para que esse seja feito pelo menos uma vez por semana. A escolha do(s) hino(s) que ser(ão) cantado(s) é fundamental, é importante que seja do agrado de todos, principalmente das crianças. A leitura da Bíblia também deve ser bem pensada, é importante que seja um texto curto, de fácil compreensão, e que tenham caráter tanto instrutivo quanto devocional. A alternância na leitura é um aspecto importante, respeitando inclusive as diferentes versões que são utilizadas. Dependendo mesmo da faixa etária dos filhos, pode ser necessário a utilização de uma versão mais simples, com uma linguagem mais contemporânea. Comentários rápidos poderão ser acrescentados ao texto, evidentemente os pais poderão dar início à exposição, mas é produtivo ouvir o que os filhos têm a dizer a respeito do texto. A oração é um elemento essencial no culto doméstico, cada membro da família deve ter a oportunidade para fazer seu pedido. Nenhum pedido deoração deve ser motivo de reprovação. O respeito pelas necessidades individuais é condição necessária para o êxito no culto doméstico. Essa é uma oportunidade para aprender a colocar os mais simples problemas na presença do Senhor. É importante também que os membros da família se alternem na oração, que todos tenham a oportunidade de elevar sua voz a Deus, através de uma oração simples, sem palavras muito difíceis, sobretudo com sinceridade de coração.

CONCLUSÃO
O culto doméstico está sendo esquecido em muitos lares cristãos. Por causa da correria desses dias, muitos já não mais têm tempo para reunir a família para cultuar a Deus. É importante que pais e mães sejam despertados para a realização do culto doméstico, mesmo que esse tenha curta duração, pelo menos uma vez com semana. Que essa seja uma oportunidade para crescer no temor, sobretudo no amor ao Senhor. O culto doméstico não precisa ser um espaço apenas de repreensão, mas também de edificação, de alegria na presença de Deus (Mt. 19,20).

ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
MARCELLINO, J. Redescobrindo o tesouro perdido do culto familiar. São José dos Campos: Fiel, 2004.
MERKH, D. 1001 ideias criativas para o culto doméstico. São Paulo: Voxlitteris, 2003.