sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A ATUALIDADE DOS CONSELHOS PAULINOS

Texto Áureo: Fp. 3.1
Leitura Bíblica: Fp. 3.1-10



INTRODUÇÃO
A seção da Epístola aos Filipenses 3.1-10 está repleta de conselhos. Paulo apresenta algumas considerações práticas aos crentes filipenses. Essas orientações são bastante pertinentes e atuais para a igreja da atualidade. Depois de admoestar os irmãos a que sejam alegres no Senhor (Fp. 3.1), faz algumas advertências em relação aos falsos mestres, e por último, caracteriza o genuíno evangelho de Jesus Cristo.

1. EM RELAÇÃO AOS FALSOS MESTRES
A igreja de Jesus Cristo sempre foi atacada por falsos ensinamentos, entre os filipenses os falsos mestres tentaram disseminar suas heresias entre os cristãos. Por isso Paulo os admoesta, por três vezes, a que esses tivessem cuidado. O verbo grego, no imperativo, é blepete, isto é, “acautelai-vos”, que tem o significado de manter os olhos abertos para que os falsos lobos não adentrem ao rebanho (AT. 20.29,30). Esses falsos mestres precisavam ser identificados, por isso Paulo os descreve como cães, falsos obreiros e falsa circuncisão. Trata-se de um grupo já conhecido entre os crentes da Galácia, que queriam incluir um falso evangelho no interior do verdadeiro evangelho (Gl. 1.1-9). A característica marcante desse outro evangelho era a defesa da circuncisão, isto é, da observância aos rituais judaicos como meio de justificação (At. 15.1). Esses judaizantes atacavam frontalmente a doutrina da salvação, contrariando a graça de Deus em Jesus Cristo. A preocupação do Apóstolo é denunciar esse ensinamento distanciado da verdade (II Co. 11.13). Esses maus obreiros seguiam Paulo em suas viagens missionárias, despregando aquilo que o Apóstolo havia pregado (I Co. 11.13). O perigo desse outro evangelho é a desconsideração da doutrina da salvação pela graça, por meio da fé, proveniente de Deus, não das obras humanas (Ef. 2.8,9). O ser humano, em sua religiosidade, sempre quis obter a salvação pelos seus méritos pessoais. A igreja evangélica não está imune a esse tipo de ensinamento, há quem pense que é salvo simplesmente pelas exterioridades formalistas que observam. As pessoas que entram por esse caminho transformam o que é principal em secundário, acabam supervalorizando os detalhes ao invés do que é mais valioso. Jesus repreendeu veementemente os fariseus do seu tempo por filtrarem um mosquito e engolirem um elefante, chamando-os de sepulcros caiados (Mt. 23.27-28.). A circuncisão pregada por esses religiosos não passava de mutilação, pois não tinha qualquer valor espiritual, diferentemente da circuncisão de Abraão (Gn. 17.9,10; Rm. 4.11-13).

2. EM RELAÇÃO À IGREJA DO SENHOR
A igreja do Senhor não pode ser confundida com uma mera religiosidade, ela apresenta características distintas do movimento dos judaizantes. A verdadeira igreja de Cristo passou por uma circuncisão espiritual, efetuada no coração, não por homens, mas pelo Espírito Santo (Fp. 3.3). A adoração a Deus não resultante de uma imposição humana, não é por força, muito menos por violência, mas uma disposição espiritual, não está fundamentada na carne. Fomos chamados para adorar, na verdade, Deus busca adoradores, mas que o façam em espírito e em verdade (Jo. 4.24). A adoração não pode ser realizada de qualquer modo, a religião humana, na busca por Deus, resulta na idolatria (Rm. 1.25-27). A adoração, revelada por Deus, está alicerçada na Verdade, que é Cristo, a Palavra (Jo. 1.1,18) , e no Espírito, que nos liga a Deus, reconhecendo-O como Pai (Rm. 8.15). Por isso, a fé do crente está depositada em Cristo, em Seu sacrifício na cruz do calvário, não na religião humana, que não passa de carnalidade. Ele é o nosso Alvo, Aquele no Qual nos gloriamos (I Co. 1.31; II Co. 10.17). Os falsos mestres, e os religiosos em geral, confiam naquilo que fazem, em seus méritos, na capacidade que acreditam ter em satisfazer a Deus. A igreja, diferentemente da religiosidade humana, sabe que a salvação veio de Deus, e que em nenhum outro nome há salvação, senão no de Cristo Jesus (Jo. 14.6; At. 4.12). Paulo esclarece que se a religião valesse alguma coisa ele mesmo teria motivos para se orgulhar. Com judeu ele tinha alguns privilégios, mas os abandonou por causa de Jesus Cristo. Ele era circuncidado ao oitavo dia, portanto nasceu judeu, sendo criado na tradição judaica (Fp. 3.4). Paulo fazia parte do povo eleito, o povo considerado privilegiado, mas não sustentava a sua fé nesse predicado. Mesmo sendo da tribo de Benjamim, sendo essa uma das mais importantes de Judá, não via nisso qualquer glória (Fp. 3.5). Como se isso não fosse o bastante, era hebreu de hebreus, ou seja, por nascimento, e que falava hebraico (At. 21.40). Em sua religiosidade fazia parte dos fariseus, a mais zelosa tradição judaica (Gl. 1.14), por isso tinha na mais alta consideração a Lei do Senhor (At. 23.6; 26.5). Por causa disso, tornou-se perseguidor da igreja, sua religião, como geralmente costuma acontecer, fez com que ele perseguisse os cristãos (At. 9.1,2; 22.1-5; 26.9-15; I Co. 15.9; Gl. 1.13). Aos olhos humanos Paulo era um homem de considerável reputação, considerado irrepreensível no tocante à guarda dos princípios legais. Mas faltava-lhe um em encontro com Cristo que o transformou de perseguidor em perseguido, que o fez considerar as pessoas não a partir de formalidades exteriores.

3. EM RELAÇÃO AO EVANGELHO DE CRISTO
O evangelho de Jesus Cristo não é uma mera circuncisão física, não se trata de uma formalidade. Como israelita influente é bem provável que Paulo tivesse privilégios no contexto religioso no qual estava inserido. Mas a tudo perdeu por amor a Cristo, no mínimo deixou de gloriar-se daquilo que fazia, passou a confiar no que Jesus fez. O evangelho é mais importante do que exterioridade religiosas. Por isso, ninguém deve achar que é salvo por que faz ou deixa de fazer algo. Não podemos incorrer no equívoco de pensar que nossa salvação depende de vestimenta, postura física, ou coisa parecida. Isso na verdade pode revelar ausência de uma espiritualidade genuína, carnalidade da qual os religiosos se gloriam (Cl. 2.21). O evangelho é mais que um conjunto de doutrinas, trata-se de um encontro real com uma pessoa, o próprio Jesus Cristo (Fp. 3.8). Muitas igrejas atuais estão sofrendo porque as pessoas estão alicerçadas nas atividades religiosas. Poucas pessoas têm um compromisso real com o Senhor, entregaram de fato suas vidas a Cristo. Esse encontro com o Jesus é algo marcante na vida de uma pessoa, e a modifica existencialmente. Isso porque seu fundamento é o amor, não as obrigações que são impostas por um grupo de religiosos. Isso fez com que Paulo considerasse tudo como refugo, skubala em grego, que pode ser traduzido como “excremento, esterco”. Aquilo que os judaizantes achavam que valia muito, Paulo considerava coisa de menor importância. Não podemos esquecer que as nossas obras, diante de Deus, não passam de trapos de imundície (Is. 64.6). A justificação, ansiosamente buscada pela religiosidade humana, somente pode ser obtida através de Cristo (Fp. 3.9). A obra de Cristo, não as nossas obras, nos conduzem ao céu, o sacrifício que Ele realizou na cruz (Jo. 7.1-4; 19.30; Hb. 10.11-14).

CONCLUSÃO
O evangelho de Cristo não pode ser confundido com a religiosidade humana. Isso porque ser cristão é um conhecimento, não apenas intelectual, mas um kinoskein em grego, ou yadá em hebraico. Isto é, uma entrega incondicional pela fé ao senhorio de Jesus, uma disposição para viver e morrer por Ele. Nesse contexto, sofrer por Cristo torna-se um privilégio, também uma identificação com Sua vida, morte e ressurreição, que nos antecipa a glória futura que em nós haverá de ser revelada (Rm. 8.18; Fp. 3.10).

ELABORADO POR: Profº. Ev. José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Filipenses. São Paulo: Hagnos, 2007.

WIERSBE, W. W. Philippians: be joyfull. Colorado: David Cook, 2008. 

FONTE: http://subsidioebd.blogspot.com.br/


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

AS VIRTUDES DOS SALVOS EM CRISTO

Texto Áureo: Fp. 2.13
Leitura Bíblica: Fp. 2.12-18



INTRODUÇÃO
A humildade é apenas uma entre outras virtudes a serem desenvolvidas pelos salvos em Cristo. Na lição de hoje apontaremos algumas outras apresentadas por Paulo aos Filipenses, dentre elas destacamos: ausência de murmuração e contenda, conduta irrepreensível, sinceridade e fidelidade. Ao final, ressaltaremos, com o Apóstolo, a necessidade do sacrifício na obra de Deus, trabalhando com alegria, mantendo o foco na eternidade.

1. A OPERAÇÃO DA SALVAÇÃO
A salvação é uma dádiva de Deus, ninguém é salvo por méritos pessoais (Ef. 2.8,9; I Pe. 1.18,19). Mas muitas pessoas esquecem que precisam desenvolver a salvação (Ef. 2.10). Não somos salvos por causa das boas obras, mas para as boas obras, para que andemos nelas. Essa é a admoestação de Paulo, para que os crentes trabalhem a salvação deles, com temor e tremor. Paulo não estava mais entre os filipenses, esse seria o momento de eles exercitarem a fé, demonstrarem maturidade. Muitos crentes nas igrejas são eternamente dependentes dos seus líderes, como um filho que precisa ser alimentado. Mas isso é uma deficiência, os verdadeiros cristãos amadurecem, são capazes de seguir adiante, mesmo nas situações adversas. A salvação começa com Deus, mas o homem deve cooperar com Ele, desenvolvendo-a (I Co. 3.6-9). O desenvolvimento da salvação se dá por meio da santificação, que é um trabalho conjunto do ser humano com o Espírito Santo (Rm. 8.9-17). O cristão genuíno investe no seu amadurecimento espiritual, luta contra sua natureza pecaminosa (Rm. 14.18; I Co. 9.24-27; I Tm. 6.12). O modelo ideal a ser perseguido é o de Jesus Cristo, Deus deseja que sejamos semelhantes a Ele no caráter (Rm. 8.29). A expressão “com temor e tremor” revela a grandeza de Deus, principalmente Sua santidade, por isso os crentes devem temer ofendê-Lo. Mas isso nada tem a ver com um temor servir, um pavor que nos distancia dEle. Paulo diz aos crentes de Roma que eles não receberam um espírito de escravidão (Rm. 8.15). Tememos, e trememos diante de Deus, por causa do Seu amor gracioso. E confirmarmos que o Senhor está trabalhando em nossas vidas através do Seu Espírito (Rm. 8.3,4; II Co. 3.4-6). O Espírito Santo opera na Sua igreja para que essa realize as obras que Ele deseja (I Co. 12.4-7).

2. AS VIRTUDES DA SALVAÇÃO
A salvação é demonstrada através de virtudes, a respeito das quais Paulo também orientou os gálatas, denominando-as de fruto do Espírito (Gl. 5.21,22). O fruto do Espírito conduz o cristão à obediência, a fim de fazer as coisas que Deus determinou, sempre sem murmurações ou contendas. Há um problema quando as coisas são feitas com motivações erradas nas igrejas locais. Muitas congregações estão sofrendo porque as pessoas fazem, mas por vanglória. A disputa por cargos nas igrejas está adoecendo muitos crentes, e as congregações, por causa das divisões e partidarismos (Fp. 2.3,4). A palavra murmuração, em grego, é goggysmos, diz respeito à reclamação, resultado de rebelião e infidelidade. Esse sentimento esteve presente entre os filhos de Israel ao longo da peregrinação pelo deserto (I Co. 10.10; Nm. 11.1-6). Contendas, dialogismoi em grego, descreve as disputas desnecessárias, que conduzem às dúvidas. Esse tipo de atitude é reprovada por Paulo porque nada tem a ver com o sentimento que havia em Cristo (Fp. 2.5). Ao invés de viverem em murmurações e contendas, os crentes devem se voltar para o que é sublime, buscarem ter uma vida irrepreensível, serem inculpáveis em meio a uma geração perversa (Fp. 2.14,15). A palavra irrepreensível no grego é amemptos e expressa pureza, comportamento digno de um seguidor de Cristo. Isso diz respeito à reputação, mas não é suficiente, é preciso também desenvolver o caráter, a sinceridade, akeraios em grego. Essa palavra era usada para diferenciar o vinho ou leite puros, sem mistura de água. Sendo também inculpáveis, amomos em grego, os crentes se apresentam diante de Deus imaculados, como um sacrifício vivo, experimentando a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Rm. 12.1,2). Diante dessa geração corrompida pelo pecado, o cristão deve resplandecer, sendo sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.14-16). Por fim, mas não por último, a salvação deve ser demonstrada através de uma fidelidade inegociável a palavra da vida. Cristo é a própria Palavra da Vida, o Verbo que se fez carne (Jo. 1.1; I Jo. 1.1). Os crentes são súditos de Cristo, Aquele que recebeu um nome que está acima de todos os nomes, o Rei dos reis. Por isso, a igreja deve se manter fiel a Sua palavra, e trabalhar a partir dos Seus ensinamentos. Após o arrebatamento Jesus estabelecerá seu julgamento das obras, a fim de avaliar as motivações dos trabalhos, se não tivermos objetivos corretos, teremos trabalhado em vão (Fp. 2.16).

3. ALEGRIA DA SALVAÇÃO
Paulo é um exemplo de alguém que trabalhava na obra de Deus com uma motivação correta. Ele está disposto, se necessário fosse, a ser “oferecido por libação sobre sacrifício e serviço” da fé dos filipenses. Nem todos nesses dias atuais, marcadores pela mercantilização do evangelho, são afeitos a esse tipo de sacrifício (II Tm. 4.6). O Apóstolo usa uma metáfora do serviço, do culto, comparando-se a um holocausto, uma oferta a Deus, na vida ou na morte (Nm. 15.5,7,10). A palavra grega é leitourgia, e refere-se a um culto sacrificial, no qual se apresenta ofertas. Diferentemente de muitos obreiros dos dias modernos, Paulo mantinha o foco do seu trabalho na eternidade. Ele sabia que um dia prestaria contas a Cristo pelo trabalho realizado. O Apóstolo dos gentios não apenas está disposto a entregar Sua própria vida por amor a Cristo, em serviço dos irmãos, mas também a fazê-lo com alegria. O obreiro do Senhor não pode ter medo da morte, ainda que não deva buscá-la. Ele sabe que está trabalhando para um Deus que tem tudo em Suas mãos. Nada que venha a acontecer fará com que o servo de Deus venha a perder a esperança. Seja na vida, ou na morte (Fp. 2.17), o trabalhador na seara do Mestre sabe que está plantando para a eternidade. Muitos hoje em dia somente se interessam pelo prêmio temporal, alguns deles já estão recebendo seu galardão, nada mais receberão na glória. Essa é a alegria do cristão, não está fundamentada nas circunstâncias. Essa é a alegria, chara em grego, do Espírito, que independe das condições, sejam elas favoráveis ou desfavoráveis. O problema de muitos crentes modernos é que querem felicidade, não alegria, mas não fomos chamados para ser felizes, mas para ser alegres. A primeira depende das circunstâncias, a última está alicerçada em Deus, a fonte de toda alegria.

CONCLUSÃO
Deus iniciou uma boa obra em nossas vidas, e certamente levará adiante, mas não sem antes nos conduzir à maturidade. Toda construção exige sacrifícios, e não poucas vezes, mudanças drásticas. A fim de produzir Seu fruto em nós, e aprimorar as Suas virtudes, o Espírito Santo alterará os percurso dos nossos planos. Mas não temos motivo para nos desesperar, antes estejamos alegres, sobretudo confiantes, pois Deus sabe o que está fazendo.

ELABORADO POR: José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
MOTYER, J. A. The message of Phillipians. Leicester: Inter-versity Press, 1984.

WIERSBE, W. W. Philippians: be joyfull. Colorado: David Cook, 2008.