sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A PERDA DOS BENS TERRENOS


Texto Áureo: Jó 1.21 
Leitura Bíblica: Jó. 1.13-21



INTRODUÇÃO
Os bens terrenos são perecíveis, essa é uma dura realidade, mas nem todos sabem enfrentá-la. Quando as bolsas de valores caíram nos Estados Unidos, em 1929, várias pessoas deram cabo às suas vidas. Atualmente, na Europa, muitos estão fazendo o mesmo, por não saberem como lidar com a perda dos bens materiais. Na aula de hoje, veremos que os bens terrenos são necessários, mas não devem ser o tesouro maior do cristão.

1. JÓ, AS PERDAS DE UM HOMEM DE DEUS
O livro bíblico de Jó revela a tragédia humana diante das perdas, não apenas dos bens terrenos, mas também dos filhos e da própria saúde. Poucas pessoas sabem, mas este é um dos livros mais antigos da Bíblia, talvez mais recente apenas que o Gênesis. Uma das perguntas cruciais do livro de Jó é: Se Deus é bom e amoroso, por que há tanto sofrimento na terra? Os ateus dizem que Deus não existe com base nessa premissa, argumentam que Ele não é bom, pois se assim fosse, não permitiria o sofrimento. E que também não é poderoso, pois é incapaz de resolver os problemas da humanidade. Jó, em seus discursos, principalmente diante dos amigos, e nas orações direcionadas a Deus, tenta encontrar respostas para o seu sofrimento. Seu maior desafio, como o de todos aqueles que passam por situações adversas, é manter a fé em Deus. Mesmo sendo um homem íntegro, Jó perdeu seu gado (Jó. 1.14-16), seus servos (Jó. 1.15,16), seus filhos (Jó. 1.19-21). Apesar de tudo, Jó não perdeu a fé em Deus, Ele não se deixou conduzir pelas circunstâncias (Jó. 2.9). A confiança de Jó em Deus tornou-se um exemplo de perseverança para os cristãos (Tg. 5.11; Rm. 15.4). Diante das perdas materiais, Jó reconheceu que tudo provinha de Deus, inclusive a sua riqueza, e que Ele teria o direito de requerê-la (Jó. 1.21). Essa é uma demonstração de que seu coração não estava centrado nos bens terrenos. Quando tinha em abundância, Jó exercitava a generosidade, usando suasriquezas para o bem dos outros (Jó. 4.1-4; 29.12-17; 31.16-32). Tal como Jó, qualquer pessoa pode perder seus bens, a esse respeito escreveu Salomão: “Pois o homem não conhece a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando este lhes sobrevém de repente” (Ec. 9.12).

2. OS BENS TERRENOS SÃO PERECÍVEIS
Quando o ser humano se distancia de Deus, ele transfere sua adoração para outrem. Jesus alertou a esse respeito quando disse que ninguém pode servir a dois senhores. Um desses senhores, atualmente denominado de Mercado, é Mamom, o antigo deus das riquezas (Mt. 6.24). Jesus contou uma parábola a respeito de um rico insensato que depositou sua confiança nas riquezas. Não sabia Ele que morreria em breve, por isso Deus o chamou de louco (Lc. 12.20). De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc. 8.36). As riquezas não podem ser sacralizadas, Jesus ensina que o homem deve entesourar no céu (Mt. 6.20). As pessoas que devotam apenas ao acúmulo de dinheiro se tornam escravas deste. Ao contrário do que apregoa a teologia da ganância, as riquezas, ao invés de aproximar, podem distanciar as pessoas de Deus (Mt. 19.22-24). O jovem rico não pode seguir a Jesus, pois, mesmo tendo algum interesse, não foi capaz de se desvencilhar do poder das riquezas (Lc. 18.15-30). Muitos líderes eclesiásticos estão recaindo nesse mesmo equívoco, advogando queriqueza é sinal de espiritualidade. Há igrejas que se fundamentam sobre o discurso do enriquecimento rápido, fácil e imediato. Mas Paulo instrui aos obreiros do Senhor para que não desejem o enriquecimento, mas o contentamento (I Tm. 6.6-10). O mundo valoriza demasiadamente as riquezas porque essas criam uma ilusão de segurança. As pessoas acreditam que o dinheiro poderá garantir uma boa vida na terra, já que deixaram de acreditar na vida eterna. Perder dinheiro, nesse contexto, é perder a razão de existir, já que o ter é confundido com o ser.

3. QUANDO SE PERDE OS BENS TERRENOS
Quando o cristão perde os bens terrenos, diferentemente daqueles que não tem esperança em Deus, ele sabe que o dinheiro não dura para sempre, e que não traz felicidade (Sl. 49.10-12; Pv. 23.4,5; 27.24; I Tm. 6.7). Ademais, Deus é mais importante do que toda prata ou ouro do mundo inteiro, pois, na dimensão escatológica, Ele é o dono de tudo (Sl. 55.22), portanto, devemos lançar sobre Ele toda nossa ansiedade (I Pe. 5.7). Como diz a letra de um hino sacro: Se você perdeu tudo aqui, menos a fé em Deus, então você não perdeu nada. Essa é uma valiosa verdade espiritual, pois Deus pode trabalhar na vida das pessoas através das perdas. Ele disse a Paulo que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza (II Co. 12.9). Há momentos que as pessoas perdem na terra para ganhar no céu. Jó, depois de perder tudo, recebeu em dobro da parte de Deus (Jó. 42.10-17). Isso não é uma garantia de que acontecerá o mesmo com aqueles que decidem seguir os caminhos de Deus. Não há, no Novo Testamento, uma promessa de riqueza para aqueles que seguem a Cristo. No entanto, ainda que a pessoa perca tudo, ou mesmo não tenha nada, receberá, no céu, a riqueza que não perece (Mt. 19.27). Há promessas de galardões, a obra de cada um será provada no fogo, e cada um receberá de acordo com o que fez, e com que intenção (I Co. 3.10-15), pois todos comparecerão perante o Tribunal de Cristo (II Co. 5.10). Paulo, antes da sua morte, espera, do Senhor, uma coroa de justiça do Senhor (II Tm. 4.8). Ao invés de focarmos os bens terrenos, precisamos estar com os olhos fitos para os céus, de lá virá nossa recompensa (Cl. 3.1). A Cidade Celestial, conforme descrita em Ap. 21, é o lugar preparado por Jesus para todos aqueles que confiam nas Suas palavras (Jo. 14.1).

CONCLUSÃO
A maturidade do cristão é alcançada na medida em que este se mostra cada vez menos susceptível às intempéries da vida. Qualquer pessoa pode passar por situações adversas, inclusive em relação aos bens terrenos. O diferencial está na forma de reagir diante desse tipo de aflições. Ao invés de desesperar-se, como faz a maioria das pessoas, o cristão sabe que seu tesouro está preservado. As intempéries das bolsas de valores, as variações do câmbio não podem afetar a fé daquele que confia no Senhor. Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião que não se abala, mas permanece para sempre (Sl. 125.1).

ELABORADO POR: PROFº JOSÉ ROBERTO A. BARBOSA

BIBLIOGRAFIA
RHODES, R. Por que coisas ruins acontecem se Deus é bom? Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
TARRATACA, L. Como sobreviver à crise financeira. Mogi das Cruzes: AVERBI, 2007.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A ANGUSTIA DAS DÍVIDAS


Texto Áureo: Sl. 128.1,2
             Leitura Bíblica: I Tm. 6.7-12


INTRODUÇÃO
As dívidas podem se tornar motivo de aflição para o cristão, e muitas vezes, de angústia. Estudaremos, na aula de hoje, a respeito do tratamento cristão no tocante ao dinheiro. A princípio, mostraremos como a Bíblia, no Antigo e Novo Testamento, aborda o dinheiro. Em seguida, destacaremos o perigo do endividamento e a angústia dele resultante. Ao final, apresentaremos encaminhamentos para a administração dos recursos financeiros que evitem as dívidas.

1. O DINHEIRO NA BÍBLIA
O dinheiro, no Antigo Testamento, era resultando da fundição de metais, o principal deles a prata (Gn. 42.25). O siclo de prata, de acordo com a legislação mosaica, era o valor para resgate de um israelita do sexo masculino (Ex. 30.13), também para compensações e multas (Ex. 21.23; Lv. 5.15; Dt. 22.19,20). Nos tempos do Novo Testamento circulavam quatro tipos de dinheiro: em forma de moedas (romanas), moedas antigas (gregas), moedas judaicas (de Cesaréia) e moedas de bronze. Essa diversidade de moedas fazia com que houvesse necessidade de cambistas, alguns deles se instalavam no templo em Jerusalém. Essa prática favorecia a desonestidade, por esse motivo, Jesus expulsou os cambistas do templo (Jo. 2.15; Mt. 21.12; Mc. 11.15; Lc. 19.45). O tratamento dado ao dinheiro, e as riquezas em geral, no Antigo e Novo Testamento, é diferenciado. No Antigo Testamento, ter dinheiro, riqueza e/ou propriedade, era sinônimo de benção divina. A prosperidade era compreendida como benção de Deus, mas sua utilização tinha uma dimensão ética. Por isso Ezequiel questiona o príncipe de Tiro quando esse se vangloria ao dizer “eu me enriqueci” (Ez. 29.3). Mesmo no Antigo Testamento não é correto desejar as riquezas, considerando que o Senhor destacou que Salomão foi distinto ao não pedir “uma vida longa nem riquezas” (I Rs. 3.11). Não é certo requerer riqueza de Deus, por isso, destaca o sábio: “Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário” (Pv. 30.8). No Novo Testamento, Jesus é crítico em relação ao acumula das riquezas (Mt. 6.19-21). Por isso, quando se encontrou com o jovem rico, orientou para que esse entregasse seus bens materiais aos pobres (Mt. 19.16-22). Em uma de suas epístolas a Timóteo, Paulo o orienta em relação ao perigo de amar as riquezas: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm. 6.9,10).

2. A ANGÚSTIA DAS DÍVIDAS
Essas orientações bíblicas coadunam-se perfeitamente à realidade do mundo moderno, que colocou o dinheiro acima do próprio Deus, ou melhor, dobrou-se diante do deus Mamom (Mt. 6.24), atualmente denominado de Mercado. A fim de adquirir adeptos, Mamom precisa de uma doutrina, e essa se propaga com o título de consumismo. Aqueles que amam o dinheiro nunca conseguem encontrar satisfação, até o momento que percebem que isso não passa de vaidade (Ec. 5.10). O desejo de querer sempre mais está destruindo a natureza, e por extensão as pessoas. Ninguém consegue realização plena, pois a propaganda, a serviço do consumismo, motiva as pessoas a descartarem o que acabaram de adquirir, a fim de comprarem algo que acabou de ser lançado. Existem, atualmente, três teologias com P que se propagam na sociedade evangélica: a da prosperidade, a da privação e a da provisão, somente esta última tem o respaldo bíblico. Jesus prometeu suprir as nossas necessidades, não as nossas vaidades, a teologia bíblica é a do contentamento (Hb. 13.4,5), ainda que essa nada tenha a ver com falta de diligência ou comodismo. Cada família precisa fazer os apontamentos necessários a fim de evitar o endividamento. É muito bom ter crédito, melhor ainda é não precisar utilizá-lo. O livro de Provérbios está repleto de conselhos que orientam a respeito das consequências das dívidas (Pv. 1.13-15; 17.18; 22.26,27; 27.13). Fazer empréstimos não é uma prática recomendada na Bíblia (Pv. 22.7), somente quando for realmente necessário, e avaliando as condições para fazê-lo (Rm. 13.8). Em meio a essa sociedade que valoriza mais o ter do que o ser, devemos saber que o valor de uma pessoa não consiste em seus bens (Lc. 12.15). A doutrina da prosperidade acima de qualquer custo é diabólica (Mt. 4.8,9), o príncipe deste século deseja que as pessoas se tornem escravas dos padrões deste mundo (Jo. 16.11; Rm. 12.1,2).

3. SAÍNDO DO VERMELHO
Para não entrar na circulo viciosa dessa sociedade consumista, e não se tornar escravo do endividamento, que resulta em angústias, é preciso avaliar bem antes de fazer compras, seria interessante fazer algumas perguntas antes: essa compra é uma necessidade ou apenas um desejo? Será que tenho condições de sanar essa dívida, poderia fazê-lo agora sem depender de crédito? Já comparei o preço desse objeto com outros? Já orei? Estou em paz diante de Deus para fazer essa compra? Essa compra tem a ver com o propósito que Deus tem para mim? Meu cônjuge concorda com essa aquisição? A administração dos recursos financeiros é fundamental para que a família viva em paz. Para tanto, alguns princípios devem ser levados em conta: 1) Contentamento – Deus é o dono de tudo (Sl. 50.12), mas isso não quer dizer que podemos sair por ai utilizando o cartão de crédito sem critérios; Deus é o provedor do necessário, não do desnecessário (Dt. 8.17,18); o desejo dEle é que estejamos contentos com Sua provisão (Fp 4. 12,19); descanse  no Senhor, independentemente da sua condição financeira, na riqueza ou na pobreza (Hb. 13.5); 2) Autocontrole – esteja atento ao fato de que nem tudo nos pertence (Ag. 2.8), por isso, tenha cuidado para não cultivar a ganância (Lc. 12.15), estabeleça metas em relação às finanças e resista à tentação do consumismo (II Co. 5.9; 10.13); 3) Mordomia – planeje o orçamento, não gaste mais do que ganha, e não se esqueça do compromisso com a obra do Senhor (Ml. 4.10; Lc. 11.42; I Co. 16.2; II Co. 8.3; 9.7), guarde parte do que ganhou, isso não quer dizer acumular, mas reservar para os percalços, aos quais todos nós estamos sujeitos (Pv. 13.11), e principalmente, esteja atento às necessidades dos outros (Pv. 19.17; Rm. 12.13); e 4) Oração – nossas orações refletem as intenções do coração, por isso, tenhamos o cuidado de pedir o que é da vontade de Deus (I Jo. 5.14; Mc. 14.36; Fp. 4.6,7).

CONCLUSÃO
Os cristãos não estão livres da angústia das dívidas, e nem sempre elas são resultantes de má administração dos recursos. Mas é preciso ter cuidado para não entrar no endividamento que implique em problemas familiares e espirituais. Quando as dívidas vierem de precipitações, ore, peça perdão a Deus, arrependa-se, não entre em novos débitos (Fp. 4.19), fuja de situações tentadoras, planeje em relação ao futuro (Lc. 14.28-32), busque conselhos com pessoas experientes (Pv. 15.22), seja diligente nas pequenas coisas (I Ts. 4.1), procure seus credores e converse com eles (Pv. 22.1), ore e não se deixe controlar pela ansiedade (Fp. 4.6) e aprenda a viver contente, independentemente das circunstâncias (Fp. 4.11)

ELABORADO POR: José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
BARNHILL, J. A. Antes que as dívidas nos separem. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
TARRATACA, L. Como sobreviver à crise financeira. Mogi das Cruzes: AVERBI, 2007.

FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A REBELDIA DOS FILHOS


Texto Áureo: Pv. 22.6 
Leitura Bíblica: I Sm. 2.12-14, 17, 22-25



INTRODUÇÃO
Cada vez mais os filhos se mostram rebeldes, isso porque, além da natureza caída (Gn.8.21), vivemos em uma cultura de contestação. Os programas televisivos e até mesmo a escola, acabam por incitar os filhos à desobediência. Na aula de hoje aprenderemos a  respeito da importância de uma visão bíblica que, amorosamente, conduza nossos filhos à obediência, a fim de que esses crescem no caminho do Senhor.

1. OS FILHOS NA BÍBLIA
Filhos – yeled em hebraico – têm a ver com os filhos de forma geral, sejam eles do sexo masculino ou feminino. A paternidade, na Bíblia, é uma demonstração do favor divino, principalmente para o povo israelita, tendo em vista a promessa messiânica. Por essa razão, a chegada de um filho era sempre festejada com gratidão e alegria (Sl. 127; 128.3; 113.9). A religiosidade judaica recomendava, como parte da aliança com Deus, a circuncisão ao oitavo dia de nascimento do menino (Gn. 17.10; Lv. 12.3). O primogênito da família ocupava lugar de destaque entre os demais, e todos eram iniciados no ofício do pai. Este também era responsável pela educação dos filhos, que tinha não apenas aspecto profissional, mas principalmente moral e religioso (Ex. 13.8; Dt. 4.9,10; 6.4-7; 7.9; Js. 4.4-8). Cabia aos pais dar aos filhos a devida correção (Ex. 21.15-17; Dt. 21.18-21) e assumir responsabilidades em relação a eles (Pv. 22.6; Ef. 6.4; Cl. 3.21; I Tm. 5.8; Tt. 2.4). Os filhos também deveriam portar-se com respeito em relação aos seus pais (Ex. 20.12; Ef. 6.1-3; Cl. 3.20). Na cultura judaica, a escola formal somente surgiu por volta do primeiro século antes de Cristo, como uma extensão da sinagoga, os filhos eram ingressados na prática da memorização da Torah logo a partir dos cinco e seguiam até os treze anos de idade. A partir de então o jovem passava a fazer parte da corte masculina e poderia recitar o Shema, além de jejuar com regularidade e fazer as peregrinações.

2. FILHOS REBELDES
A rebeldia de um filho era motivo de vergonha na cultura judaica, destacamos, na Bíblia, alguns exemplos: Hofni e Finéias, filhos de Eli (I Sm. 1.3; 2.12-34), Absalão, filho de Davi (II Sm. 13; 15.13-29). Filhos rebeldes, ao longo da Bíblia, pagavam um preço alto, podendo ser punidos com a morte (Ex. 21.15-17; Lv. 20.9). Mas esse pecado de vez em quando se tornava comum entre os israelitas (Ez. 22.7; Pv. 19.26), o próprio Jesus condenou o desrespeito aos pais (Mt. 15.4-9). Nos dias atuais também nos deparamos com a rebeldia dos filhos. As causas são as mais diversas, a principal é a secularização das famílias. Ao invés de serem instruídos pela Palavra de Deus (Dt. 6.4,9; Rm. 16.5), os filhos estão tendo contato com meios de comunicação que os incentiva à desobediência. A programação televisiva é uma das principais responsáveis pela rebeldia dos filhos. A correria da vida moderna também é um fator desencadeador da rebeldia, já que os filhos não são ensinados (Pv. 22.6, 15) devido ao pouco tempo dos pais. A televisão se torna a babá eletrônica e a escola fica sozinha responsável pela educação dos filhos, incitando, às vezes, a contestação. Há casos em que os filhos apenas têm direitos, os deveres são esquecidos, e os pais não podem mais discipliná-los. Outro fator que conduz à rebeldia é a cultura do consumo, os filhos não conseguem aprender, a menos que sejam ensinados, que a vida não consiste nos bens materiais (Lc. 12.15). Quando isso não é percebido, o lar se torna um ambiente de conflito, gritarias, desrespeito e estresse. Os estudos comprovam que os filhos podem refletir aquilo que veem nos pais. Por conseguinte, a rebeldia dos filhos pode ser um espelho do temperamento dos pais, mesmo que esses não se apercebam dessa realidade.

3. LIDANDO COM A REBELDIA
Os pais precisam assumir posição de autoridade no lar, o próprio Deus instituiu a autoridade (Rm. 13.1-5). O liberalismo predominante nos lares modernos não tem o respaldo bíblico, a própria psicologia começa a rever seus conceitos. Filhos que são criados sem limites podem acabar indo longe demais (Pv. 29.15-17). Por isso, devemos resgatar a correção, sabendo que esse é um ato de amor (Hb. 12.6), e que essa nada tem a ver com espancamento. A disciplina, quando aplicada com sabedoria, é um ato de amor e os filhos devem percebê-la como tal (Ef. 4.2). Os pais não podem demonstrar satisfação pela punição, e serem cuidados para não se tornarem a causa da rebeldia (Ef. 6.4). A fim de evitar que os filhos se tornem rebeldes é necessário: 1) ouvir não apenas com os ouvidos, mas também com o coração (Tg. 1.19); 2) ter atitudes positivas nos relacionamentos (Pv. 1.8); 3) demonstrar amor pelo cônjuge (Ef. 5.33); 4) não demonstrar favoritismo entre os filhos (Tg. 2.1); 5) encorajar seus filhos nas decisões (Sl. 127.3); 6) não hesitar em pedir perdão quando necessário (Mt. 5.23,24); 7) não ter receio de estabelecer limites (I Ts. 4.1); 8) ser coerente com os limites estabelecidos (Pv. 19.18); 9) aprender a lidar com as próprias emoções (Cl. 3.8); e 10) basear sua disciplina no amor (Ap. 3.19). Alguns princípios positivos ainda podem ser destacados: trate seus filhos com respeito (Cl. 3.21), expresse seus limites e interesses (I Ts. 4.1), encoraje e dê oportunidade para que eles se desenvolvam e assumam responsabilidade (Pv. 17.25), retribua com um elogio (I Ts. 5.11) e evite repreensões em público (Pv. 24.3,4).

CONCLUSÃO
Somos mordomos dos nossos filhos, eles não nos pertencem, são propriedade do Senhor (Sl. 127.3,4). Por esse motivo, devemos investir na formação deles, e fazer o possível para entregá-los ao Senhor. É bem provável que não consigamos ganhar o mundo inteiro para Cristo, mas faremos muito se levarmos os nossos filhos até Ele, tal como fez Noé, ao conduzir todos à arca (Gn. 6.18). Oremos pelos nossos filhos, e os ensinemos nos caminhos santos do Senhor, a fim de que eles não venham a se desviar dEle (Pv. 22.6), isso não é uma promessa, mas tem grandes possibilidades de acontecer.

ELABORADO POR - JOSÉ ROBERTO A. BARBOSA

BIBLIOGRAFIA
CAMPBELL, R. Como realmente amar seu filho rebelde. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.
GRAYBBOWSKI, C., GRAYBBOWSKI, D. F. Pais santos, filhos nem tanto. Viçosa: Ultimato, 2012. 

FONTE: www.subsidioebd@blogspot.com

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A DIVISÃO ESPIRITUAL NO LAR


Texto Áureo: I Pe. 3.1
Leitura Bíblica: I Co. 7.12-16


INTRODUÇÃO
Idealizamos em demasia a família, principalmente a cristã. Imaginamos, às vezes, que existem lares perfeitos. Na lição de hoje, veremos que as famílias, no contexto da Bíblia, são imperfeitas, principalmente quando um dos cônjuges não expressa a fé em Cristo. A princípio, trataremos a respeito das situações em que um cônjuge se converte, mas o outro continua descrente, em seguida, apresentaremos encaminhamentos bíblicos para o convívio conjugal em casos como esses.

1. UM CÔNJUGE DESCRENTE
Em I Co. 7.12-16 Paulo apresenta algumas instruções em relação ao casamento, principalmente em contextos nos quais um dos cônjuges é descrente. A orientação do Apóstolo é que “a mulher não se separe do marido (...) e que o marido não se aparte da sua mulher” (vs. 10,11). Paulo repete textualmente as palavras de Jesus: “quem repudiar sua mulher e casar com outra, comete adultério contra aquela. E se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério”. Por conseguinte, o comprometimento conjugal entre um homem e uma mulher é para toda a vida, como dito nos votos nupciais, “na saúde e na doença; na alegria e na tristeza; até que a morte os separe”. Conforme disse o Senhor, “o que Deus juntou não o separe o homem” (Mc. 10.9,11). Mas Paulo está preocupado com uma situação que deveria ser bastante comum em Corinto, um cristão novo convertido está casado com uma pessoa descrente, resultando em divisão espiritual no lar. Em situações tais, é comum a tensão entre os cônjuges, haja vista os padrões de vida distintos. O resultado, naquele tempo, como acontece atualmente, é a diferença nos interesses, principalmente os espirituais. O marido ou a mulher pode se dar conta de que está vivendo com uma nova pessoa, que, necessariamente, não é a que ele ou ela gostaria. O ensinamento apostólico, apoiado também por Pedro, é que as mulheres que tenham um marido descrente sejam: “submissas a vossos próprios maridos, para que, se alguns ainda não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavra alguma, por meio do procedimento de suas esposas, ao observarem o vosso honesto comportamento cheio de grande temos” (I Pe. 3.1,2). Como aplicação geral, o cônjuge crente deve ser espiritualmente sábio para não perder seu casamento por causa da descrença do marido ou da esposa.

2. CASAMENTOS IMPERFEITOS
O princípio fundamental é que nenhum casamento é perfeito, já que as pessoas que dizem “sim”, são caídas, mesmo as que são cristãs. Essa situação é mais difícil ainda quando um dos cônjuges converte-se ao evangelho, e outro permanece descrente. Por esse motivo, o ideal é que não haja jugo desigual no namoro, os jovens cristãos devem se casar no Senhor (II Co. 6.14). Mas o jugo desigual não está restrito à fé, é necessário também que os jovens cristãos avaliem a possibilidade de um relacionamento. A diferença marcante na condição socioeconômica e educacional pode ser um jugo desigual para o futuro do casamento.  Por isso, os jovens devem avaliar as condições reais para a realização de um casamento. O damasceno Eliezer, ao ser enviado por Abraão, a fim de trazer uma noiva para Isaque, considerou as circunstâncias na escolha, sem deixar de orar (Gn. 24. 12-26). A escolha apropriada é importante porque depois de casados, não há outra saída senão administrar as diferenças, a fim de permanecerem juntos. Mas no caso em que um dos cônjuges se converte depois do casamento, Paulo diz que o “marido incrédulo é santificado no convívio da esposa e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente” (I Co. 7.14). Isso quer dizer que quando um cônjuge entrega a vida ao Senhor o outro tem seu proceder modificado. O Apóstolo não está garantindo a salvação “automática” para o cônjuge descrente, mas um relacionamento sexual que tem a benção de Deus, bem como os filhos provenientes dessa relação. A esperança do Apóstolo, como a de todos os cristãos que estão envolvidos em um casamento no qual um dos cônjuges é descrente, e que a conversão aconteça em algum momento. O amor é o caminho sobremodo excelente para que um cônjuge crente possa conduzir o cônjuge descrente ao evangelho de Jesus Cristo (I Co. 13). Os crentes são chamados foram “chamados para a paz” (v. 15), esse é o princípio dominante no relacionamento conjugal.

3. CASAMENTOS COM GRAÇA
Nenhum casamento subsiste sem amor, e principalmente sem graça, com a permissão de um trocadilho, casamento sem graça é uma desgraça. Isso porque a palavra “graça”, em grego charis, quer dizer “favor imerecido”. Os cônjuges, sejam crentes ou descrentes, precisarão estar cientes de que o casamento é uma união de pessoas imperfeitas, para usar um termo mais teológico, pecadoras. Alguns cursos para casais partem de visões idealizadas que não têm o respaldo bíblico. Quando lemos a Bíblia, nos deparamos com uma série de casamentos imperfeitos: maridos polígamos, filhos desobedientes e adultérios escandalosos. Apesar de tudo, Deus agiu através desses casamentos, transformando a desgraça em graça. Evidentemente, o alvo de todo cristão, dentro e fora do casamento, é a santificação, para a qual fomos chamados (I Pe. 1.15,16), mas também para a graça, aceitando um ao outro, sem aspereza (Cl. 4.6), exercitando o perdão (Cl. 3.13). O casamento, seja entre pessoas crentes ou descrentes, é formado por pessoas pecadoras. A queda conduz o ser humano a pensamentos egoístas, por isso, cada um deve examinar a si mesmo diante do Senhor (I Co. 11.28). Antes de incriminar o outro, o cônjuge deve avaliar suas motivações, saber que, como diz Paulo, é um dos principais pecadores (I Tm. 1.15). A fim de preservar o casamento, os cônjuges devem investir mais na graça, e menos nos defeitos uns dos outros. Sem esse quesito, acontecerá o mesmo que fizeram os primeiros pais. Ao invés de reconhecerem seus pecados, decidiram incriminar um ao outro, e por fim, a Satanás (Gn. 3.1-13).

CONCLUSÃO
O casamento é uma união de pessoas imperfeitas, sejam elas crentes ou descrentes. No caso em que um cônjuge não professa a fé cristã, a situação tende a ser mais difícil ainda, causando divisão espiritual. Em todos os casos, o amor é o ingrediente indispensável para a manutenção do casamento (Ef. 5.23-33), o qual é manifesto em graça, cuja expressão maior é Deus, em Seu agape (Jo. 3.16), encarnado em Cristo (Tt. 2.11-14), a fim de que vivamos para Ele (II Co. 6.16-18).

ELABORADO POR: José Roberto A. Barbosa

BIBLIOGRAFIA
HARVEY, D. Quando pecadores dizem ‘sim’. São José dos Campos: Fiel, 2009.
PRIOR, D. A mensagem de 1 Coríntios. São Paulo: ABU, 2001.