Texto Áureo: Jó 1.21
Leitura
Bíblica: Jó. 1.13-21
INTRODUÇÃO
Os bens terrenos são perecíveis, essa é uma dura
realidade, mas nem todos sabem enfrentá-la. Quando as bolsas de valores caíram
nos Estados Unidos, em 1929, várias pessoas deram cabo às suas vidas.
Atualmente, na Europa, muitos estão fazendo o mesmo, por não saberem como lidar
com a perda dos bens materiais. Na aula de hoje, veremos que os bens terrenos
são necessários, mas não devem ser o tesouro maior do cristão.
1. JÓ, AS PERDAS DE UM HOMEM DE DEUS
O livro bíblico de Jó revela a tragédia humana
diante das perdas, não apenas dos bens terrenos, mas também dos filhos e da
própria saúde. Poucas pessoas sabem, mas este é um dos livros mais antigos da
Bíblia, talvez mais recente apenas que o Gênesis. Uma das perguntas cruciais do
livro de Jó é: Se Deus é bom e amoroso, por que há tanto sofrimento na terra?
Os ateus dizem que Deus não existe com base nessa premissa, argumentam que Ele
não é bom, pois se assim fosse, não permitiria o sofrimento. E que também não é
poderoso, pois é incapaz de resolver os problemas da humanidade. Jó, em seus
discursos, principalmente diante dos amigos, e nas orações direcionadas a Deus,
tenta encontrar respostas para o seu sofrimento. Seu maior desafio, como o de
todos aqueles que passam por situações adversas, é manter a fé em Deus. Mesmo
sendo um homem íntegro, Jó perdeu seu gado (Jó. 1.14-16), seus servos (Jó.
1.15,16), seus filhos (Jó. 1.19-21). Apesar de tudo, Jó não perdeu a fé em
Deus, Ele não se deixou conduzir pelas circunstâncias (Jó. 2.9). A confiança de
Jó em Deus tornou-se um exemplo de perseverança para os cristãos (Tg. 5.11; Rm.
15.4). Diante das perdas materiais, Jó reconheceu que tudo provinha de Deus,
inclusive a sua riqueza, e que Ele teria o direito de requerê-la (Jó. 1.21).
Essa é uma demonstração de que seu coração não estava centrado nos bens
terrenos. Quando tinha em abundância, Jó exercitava a generosidade, usando suasriquezas para o bem dos outros (Jó.
4.1-4; 29.12-17; 31.16-32). Tal como Jó, qualquer pessoa pode perder seus bens,
a esse respeito escreveu Salomão: “Pois o homem
não conhece a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede maligna, e
como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos
dos homens no mau tempo, quando este lhes sobrevém de repente” (Ec. 9.12).
2. OS BENS TERRENOS SÃO PERECÍVEIS
Quando o ser humano se distancia de Deus, ele
transfere sua adoração para outrem. Jesus alertou a esse respeito quando disse
que ninguém pode servir a dois senhores. Um desses senhores, atualmente
denominado de Mercado, é Mamom, o antigo deus das riquezas (Mt. 6.24). Jesus
contou uma parábola a respeito de um rico insensato que depositou sua confiança
nas riquezas. Não sabia Ele que morreria em breve, por isso Deus o chamou de
louco (Lc. 12.20). De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma? (Mc. 8.36). As riquezas não podem ser sacralizadas, Jesus ensina que o
homem deve entesourar no céu (Mt. 6.20). As pessoas que devotam apenas ao
acúmulo de dinheiro se tornam escravas deste. Ao contrário do que apregoa a
teologia da ganância, as riquezas, ao invés de aproximar, podem distanciar as
pessoas de Deus (Mt. 19.22-24). O jovem rico não pode seguir a Jesus, pois,
mesmo tendo algum interesse, não foi capaz de se desvencilhar do poder das
riquezas (Lc. 18.15-30). Muitos líderes eclesiásticos estão recaindo nesse
mesmo equívoco, advogando queriqueza é
sinal de espiritualidade. Há igrejas que se fundamentam sobre o discurso do
enriquecimento rápido, fácil e imediato. Mas Paulo instrui aos obreiros do
Senhor para que não desejem o enriquecimento, mas o contentamento (I Tm.
6.6-10). O mundo valoriza demasiadamente as riquezas porque essas criam uma
ilusão de segurança. As pessoas acreditam que o dinheiro poderá garantir uma
boa vida na terra, já que deixaram de acreditar na vida eterna. Perder
dinheiro, nesse contexto, é perder a razão de existir, já que o ter é
confundido com o ser.
3. QUANDO SE PERDE OS BENS TERRENOS
Quando o cristão perde os bens terrenos,
diferentemente daqueles que não tem esperança em Deus, ele sabe que o dinheiro
não dura para sempre, e que não traz felicidade (Sl. 49.10-12; Pv. 23.4,5;
27.24; I Tm. 6.7). Ademais, Deus é mais importante do que toda prata ou ouro do
mundo inteiro, pois, na dimensão escatológica, Ele é o dono de tudo (Sl.
55.22), portanto, devemos lançar sobre Ele toda nossa ansiedade (I Pe. 5.7).
Como diz a letra de um hino sacro: Se você perdeu tudo aqui, menos a fé em
Deus, então você não perdeu nada. Essa é uma valiosa verdade espiritual, pois
Deus pode trabalhar na vida das pessoas através das perdas. Ele disse a Paulo
que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza (II Co. 12.9). Há momentos que as
pessoas perdem na terra para ganhar no céu. Jó, depois de perder tudo, recebeu
em dobro da parte de Deus (Jó. 42.10-17). Isso não é uma garantia de que
acontecerá o mesmo com aqueles que decidem seguir os caminhos de Deus. Não há,
no Novo Testamento, uma promessa de riqueza para aqueles que seguem a Cristo.
No entanto, ainda que a pessoa perca tudo, ou mesmo não tenha nada, receberá,
no céu, a riqueza que não perece (Mt. 19.27). Há promessas de galardões, a obra
de cada um será provada no fogo, e cada um receberá de acordo com o que fez, e
com que intenção (I Co. 3.10-15), pois todos comparecerão perante o Tribunal de
Cristo (II Co. 5.10). Paulo, antes da sua morte, espera, do Senhor, uma coroa
de justiça do Senhor (II Tm. 4.8). Ao invés de focarmos os bens terrenos,
precisamos estar com os olhos fitos para os céus, de lá virá nossa recompensa
(Cl. 3.1). A Cidade Celestial, conforme descrita em Ap. 21, é o lugar preparado
por Jesus para todos aqueles que confiam nas Suas palavras (Jo. 14.1).
CONCLUSÃO
A maturidade do cristão é alcançada na medida em
que este se mostra cada vez menos susceptível às intempéries da vida. Qualquer
pessoa pode passar por situações adversas, inclusive em relação aos bens
terrenos. O diferencial está na forma de reagir diante desse tipo de aflições.
Ao invés de desesperar-se, como faz a maioria das pessoas, o cristão sabe que
seu tesouro está preservado. As intempéries das bolsas de valores, as variações
do câmbio não podem afetar a fé daquele que confia no Senhor. Os que confiam no
Senhor são como o monte de Sião que não se abala, mas permanece para sempre
(Sl. 125.1).
ELABORADO POR: PROFº JOSÉ ROBERTO A. BARBOSA
BIBLIOGRAFIA
RHODES, R. Por que coisas ruins acontecem
se Deus é bom? Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
TARRATACA, L. Como sobreviver à crise
financeira. Mogi das Cruzes: AVERBI, 2007.
FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com