Texto Áureo: Sl. 128.1,2
Leitura Bíblica: I Tm.
6.7-12
INTRODUÇÃO
As dívidas podem se tornar motivo de aflição para o cristão, e muitas
vezes, de angústia. Estudaremos, na aula de hoje, a respeito do tratamento
cristão no tocante ao dinheiro. A princípio, mostraremos como a
Bíblia, no Antigo e Novo Testamento, aborda o dinheiro. Em seguida,
destacaremos o perigo do endividamento e a angústia dele resultante. Ao final,
apresentaremos encaminhamentos para a administração dos recursos financeiros
que evitem as dívidas.
1. O DINHEIRO NA BÍBLIA
O dinheiro, no Antigo Testamento, era resultando da fundição de metais,
o principal deles a prata (Gn. 42.25). O siclo de prata, de acordo com a
legislação mosaica, era o valor para resgate de um israelita do sexo masculino
(Ex. 30.13), também para compensações e multas (Ex. 21.23; Lv. 5.15; Dt.
22.19,20). Nos tempos do Novo Testamento circulavam quatro tipos de dinheiro:
em forma de moedas (romanas), moedas antigas (gregas), moedas judaicas (de
Cesaréia) e moedas de bronze. Essa diversidade de moedas fazia com que houvesse
necessidade de cambistas, alguns deles se instalavam no templo em Jerusalém.
Essa prática favorecia a desonestidade, por esse motivo, Jesus expulsou os
cambistas do templo (Jo. 2.15; Mt. 21.12; Mc. 11.15; Lc. 19.45). O tratamento
dado ao dinheiro, e as riquezas em geral, no Antigo e Novo
Testamento, é diferenciado. No Antigo Testamento, ter dinheiro, riqueza e/ou
propriedade, era sinônimo de benção divina. A prosperidade era compreendida
como benção de Deus, mas sua utilização tinha uma dimensão ética. Por isso
Ezequiel questiona o príncipe de Tiro quando esse se vangloria ao dizer “eu me
enriqueci” (Ez. 29.3). Mesmo no Antigo Testamento não é correto desejar as
riquezas, considerando que o Senhor destacou que Salomão foi distinto ao não
pedir “uma vida longa nem riquezas” (I Rs. 3.11). Não é certo requerer riqueza
de Deus, por isso, destaca o sábio: “Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me
apenas o alimento necessário” (Pv. 30.8). No Novo Testamento, Jesus é crítico
em relação ao acumula das riquezas (Mt. 6.19-21). Por isso, quando se encontrou
com o jovem rico, orientou para que esse entregasse seus bens materiais aos
pobres (Mt. 19.16-22). Em uma de suas epístolas a Timóteo, Paulo o orienta em
relação ao perigo de amar as riquezas: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em
muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína
e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é
raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm. 6.9,10).
2. A ANGÚSTIA DAS DÍVIDAS
Essas orientações bíblicas coadunam-se perfeitamente à realidade do
mundo moderno, que colocou o dinheiro acima do próprio Deus, ou melhor,
dobrou-se diante do deus Mamom (Mt. 6.24), atualmente denominado de Mercado. A
fim de adquirir adeptos, Mamom precisa de uma doutrina, e essa se propaga com o
título de consumismo. Aqueles que amam o dinheiro nunca conseguem encontrar
satisfação, até o momento que percebem que isso não passa de vaidade (Ec.
5.10). O desejo de querer sempre mais está destruindo a natureza, e por
extensão as pessoas. Ninguém consegue realização plena, pois a propaganda, a
serviço do consumismo, motiva as pessoas a descartarem o que acabaram de
adquirir, a fim de comprarem algo que acabou de ser lançado. Existem,
atualmente, três teologias com P que se propagam na sociedade
evangélica: a da prosperidade, a da privação e a da provisão, somente esta
última tem o respaldo bíblico. Jesus prometeu suprir as nossas necessidades,
não as nossas vaidades, a teologia bíblica é a do contentamento (Hb. 13.4,5),
ainda que essa nada tenha a ver com falta de diligência ou comodismo. Cada
família precisa fazer os apontamentos necessários a fim de evitar o
endividamento. É muito bom ter crédito, melhor ainda é não precisar utilizá-lo.
O livro de Provérbios está repleto de conselhos que orientam a respeito das
consequências das dívidas (Pv. 1.13-15; 17.18; 22.26,27; 27.13). Fazer
empréstimos não é uma prática recomendada na Bíblia (Pv. 22.7), somente quando
for realmente necessário, e avaliando as condições para fazê-lo (Rm. 13.8). Em
meio a essa sociedade que valoriza mais o ter do que o ser, devemos saber que o
valor de uma pessoa não consiste em seus bens (Lc. 12.15). A doutrina da
prosperidade acima de qualquer custo é diabólica (Mt. 4.8,9), o príncipe deste
século deseja que as pessoas se tornem escravas dos padrões deste mundo (Jo.
16.11; Rm. 12.1,2).
3. SAÍNDO DO VERMELHO
Para não entrar na circulo viciosa dessa sociedade consumista, e não se
tornar escravo do endividamento, que resulta em angústias, é preciso avaliar
bem antes de fazer compras, seria interessante fazer algumas perguntas antes:
essa compra é uma necessidade ou apenas um desejo? Será que tenho condições de
sanar essa dívida, poderia fazê-lo agora sem depender de crédito? Já comparei o
preço desse objeto com outros? Já orei? Estou em paz diante de Deus para fazer
essa compra? Essa compra tem a ver com o propósito que Deus tem para mim? Meu
cônjuge concorda com essa aquisição? A administração dos recursos financeiros é
fundamental para que a família viva em paz. Para tanto, alguns princípios devem
ser levados em conta: 1) Contentamento – Deus é o dono de tudo (Sl. 50.12), mas
isso não quer dizer que podemos sair por ai utilizando o cartão de crédito sem
critérios; Deus é o provedor do necessário, não do desnecessário (Dt. 8.17,18);
o desejo dEle é que estejamos contentos com Sua provisão (Fp 4. 12,19);
descanse no Senhor, independentemente da sua condição financeira, na
riqueza ou na pobreza (Hb. 13.5); 2) Autocontrole – esteja atento ao fato de
que nem tudo nos pertence (Ag. 2.8), por isso, tenha cuidado para não cultivar
a ganância (Lc. 12.15), estabeleça metas em relação às finanças e resista à
tentação do consumismo (II Co. 5.9; 10.13); 3) Mordomia – planeje o orçamento,
não gaste mais do que ganha, e não se esqueça do compromisso com a obra do
Senhor (Ml. 4.10; Lc. 11.42; I Co. 16.2; II Co. 8.3; 9.7), guarde parte do que
ganhou, isso não quer dizer acumular, mas reservar para os percalços, aos quais
todos nós estamos sujeitos (Pv. 13.11), e principalmente, esteja atento às
necessidades dos outros (Pv. 19.17; Rm. 12.13); e 4) Oração – nossas orações
refletem as intenções do coração, por isso, tenhamos o cuidado de pedir o que é
da vontade de Deus (I Jo. 5.14; Mc. 14.36; Fp. 4.6,7).
CONCLUSÃO
Os cristãos não estão livres da angústia das dívidas, e nem sempre elas
são resultantes de má administração dos recursos. Mas é preciso ter cuidado
para não entrar no endividamento que implique em problemas familiares e
espirituais. Quando as dívidas vierem de precipitações, ore, peça perdão a
Deus, arrependa-se, não entre em novos débitos (Fp. 4.19), fuja de situações
tentadoras, planeje em relação ao futuro (Lc. 14.28-32), busque conselhos com
pessoas experientes (Pv. 15.22), seja diligente nas pequenas coisas (I Ts.
4.1), procure seus credores e converse com eles (Pv. 22.1), ore e não se deixe
controlar pela ansiedade (Fp. 4.6) e aprenda a viver contente,
independentemente das circunstâncias (Fp. 4.11)
ELABORADO POR: José Roberto A. Barbosa
BIBLIOGRAFIA
BARNHILL, J. A. Antes que as dívidas nos separem. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
TARRATACA, L. Como sobreviver à crise financeira. Mogi das Cruzes:
AVERBI, 2007.
FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com
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