Texto Áureo: Fp. 2.5
Leitura Bíblica:
Fp. 2.5-11
INTRODUÇÃO
Na última aula destacamos que a humildade é uma das
características do cristão, condição necessária para a unidade da igreja. Na de
hoje aprofundaremos esse tema, apontando Cristo como o modelo ideal de
humildade. Inicialmente destacaremos a humilhação de Cristo, em seguida sua
exaltação, e ao final, a necessidade de vivermos, como cristão, na mesma
humildade.
1. O CRISTO HUMILHADO
O texto bíblico tem sido amplamente debatido entre
os estudiosos das Escrituras, muito usado para explanar a doutrina da kenosis,
isto é, do esvaziamento de Cristo. Mas esse não é o foco principal dessa
passagem, tendo em vista que Paulo estava orientando em relação a um problema
prático na igreja de Filipos. Isso não deve ser motivo para desconsiderar o
estudo teológico, apenas mostra que a teologia precisa está vinculada à
prática. Os problemas não podem ser solucionados somente com base nas nossas
experiências. A doutrina bíblica é o alicerce a partir do qual a liderança toma
as decisões na igreja. É nesse sentido que a doutrina da kenosis (gr.
Esvaziamento) tem como objetivo orientar os cristãos à humildade. Cristo abriu
mão de usar seus atributos divinos em causa própria. Mesmo “subsistindo” (gr.
hyparquein) em forma (gr. morphe) de Deus (Fp. 2.6), e sendo o Criador de todas
as coisas visíveis e invisíveis (Cl. 1.16), “não julgou como usurpação o ser
igual a Deus”, isto quer dizer que Ele não considerou a sua igualdade a Deus,
antes, por amor aos homens, decidiu esvaziar-se. Esse esvaziamento, verbo grego
kenou, revela que Ele não deixou de ser Deus, nem mesmo que perdeu seus
atributos, mas renunciou Sua glória celestial (Jo. 17.5). Isso para assumir a
forma de servo (Fp. 2.7), nos evangelhos Ele se apresenta como um servo (Mt.
20.27; Mc. 10.45; Lc. 22.27). Quando os discípulos quiseram ser uns maiores do
que outros, o Senhor radicalizou, pegou uma toalha e uma bacia e lavou os seus
pés (Jo. 13.1-13). Cristo tomou a forma real de homem, não era apenas aparente,
como defendiam os adeptos do docetismo gnóstico. Ele era homem tanto
internamente quanto externamente, tornando-se semelhante a Adão, mas sem
pecado. Ele também se fez semelhante (gr. homoioma), isso mostra que Cristo não
tinha apenas sentimentos e intelecto humanos (gr. morphe), tinha também
aparência humana. A realização extrema dessa humilhação foi demonstrada em Seu
sacrifício (Fp. 2.8). Cristo foi obediente até a morte, e morte de cruz, para
remover o pecado (I Pe. 2.24; II Co. 5.21).
2. O CRISTO
EXALTADO
Para ser exaltado primeiramente Cristo precisou sacrificar-se,
essa é uma lição para nós, o caminho da exaltação passa pelo vale da
humilhação. A Bíblia revela que Deus exalta aqueles que se humilham (Mt. 23.13;
Lc. 14.11; 18.14; Tg. 4.10; I Pe 5.6). Jesus não ficou na sepultura, Deus o
ressuscitou de entre os mortos (At. 2.33; Hb.1.3), dando-LHE “toda autoridade
no céu e na terra” (Mt. 28.18). A máxima bíblica, que não pode ser esquecida,
principalmente nessa geração da projeção pessoal, é: “... todo o que se exalta
será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lc. 18.14). Essa exaltação
de Cristo não foi uma restituição da Sua divindade, pois essa Ele nunca perdeu,
mas da Sua glória, que tinha antes que houvesse mundo (Jo. 17.5,6). Ele foi
exaltado “sobremaneira” (gr. hyperhypsoun), tendo ultrapassado os céus (Hb.
4.14), feito mais alto que os céus (Hb. 7.26) e subindo acima de todos os céus
(Ef. 4.10). A Sua exaltação demanda uma atitude daqueles que nEle creem, os
quais devem reconhecer Seu senhorio (Fp. 2.10). A igreja, na condição de súdita
do Reino de Deus, já se encontra diante do Senhor, mas, no futuro, quando o
Reino for pleno, toda língua confessará que Jesus é o Rei dos reis e o Senhor
dos senhores (Fp. 2.11; Ap. 5.13). Os apóstolos pregavam a respeito do senhorio
de Cristo, mais que isso, eles viveram em submissão, reconhecendo Seu governo
(At. 2.36; Rm. 10.9; Ap. 17.14; 19.16). Uma das primeiras confissões de fé da
igreja cristã foi: Cristo é o Senhor, revelando Sua soberania. Isso significa
que Ele está no comando de todas as coisas, nada ocorre sem Sua permissão.
Muitos cristãos pregam a salvação, reconhecem Cristo como Salvador, mas não
como Senhor. A igreja não pode esquecer essa doutrina fundamental das
Escrituras: Cristo reina, portanto, devemos nos submeter à Sua voz.
3. UM MODELO IDEAL
O triunfalismo está destruindo o modelo bíblico
para a igreja cristã, não poucos líderes estão obcecados pelo poder temporal.
Ninguém quer mais servir, alguns pastores acham-se quase deus, esqueceram que
são, antes de tudo, diáconos (servos), tanto de Cristo quanto da igreja. Esse
endeusamento acaba por provocar um desejo contido, uma neurose eclesiástica
coletiva, implicando em doença no contexto da igreja. Os membros não querem ser
diáconos, presbíteros nem pensar, evangelistas, talvez, mas a preferência
nacional mesmo é a de ser pastor. Isso sem falar naqueles que são apóstolos,
bispos, e se brincar, semideuses, em uma luta desenfreada para ser o maior.
Paradoxalmente Jesus ensinou justamente o contrário, que quem quiser ser o
maior deve ser o menor. A atuação dos membros na igreja deve está alicerçada no
princípio da funcionalidade, isso porque somos partes de um mesmo corpo, com
múltiplas funções, dependendo das necessidades (I Co. 12.12). O sistema
eclesiástico torna-se doentio quando a hierarquia resulta em um fim em si
mesmo. Os espaços são limitados, e as pessoas disputam as posições de poder. O
resultado é pura carnalidade, conflitos infindos que se arrastam, na medida em
que um derruba o outro, mirando assumir sua posição. Esse sistema alimenta
muita inveja, faz com que as pessoas não estejam dispostas a servir, mas a
bajular. Elas se aproximam das pessoas não porque as amam, ou porque lhes
desejam bem, mas por interesse, a fim de tirar algum proveito. Diante desse
quadro, precisamos recuperar o modelo bíblico da liderança servidora. Os
pastores das igrejas locais precisam dar o exemplo, cultivar uma cultura
bíblica do serviço, motivar os crentes a se colocarem a disposição uns dos
outros, com genuíno amor cristão. As posições de liderança são bíblicas, e os
pastores devem ser respeitados como tais, aqueles que se dedicam à Palavra,
dignos de redobrada recompensa (I Tm. 5.17), mas devem ter cuidado para não se
transformarem em celebridades evangélicas, alimentando um sistema fadado ao
fracasso espiritual.
CONCLUSÃO
Cristo é o maior modelo de humildade, Ele conviveu
com a disputa pelo poder nos tempos dos apóstolos. Os discípulos já sofriam da
síndrome do espírito de grandeza, cada um queria ser maior que o outro. Paulo
também teve que enfrentar esse problema em Filipos, e nós, nos deparamos com
situações de disputas por posição a todo instante. Mas precisamos ter
equilíbrio espiritual, e não esquecer, que, tal como Jesus, não fomos chamados
para ser servidos, mas para servir (Mc. 10.45).
ELABORADO POR: Profº. José Roberto A. Barbosa
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. Philippians. Michigan:
BakerBooks, 2000.
LOPES, H. D. Filipenses. São Paulo:
Hagnos, 2007.
FONTE: www.subsidioebd.blogspot.com
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