Leitura
Bíblica: Pv. 3.9,10; 22.3; 24.30-34
INTRODUÇÃO
O livro de Provérbios apresenta vários conselhos a
respeito do uso apropriado do dinheiro. Tais orientações são bastante práticas,
e úteis para os cristãos dos dias modernos. Na lição de hoje trataremos
justamente a respeito desse assunto tão controvertido, e pouco discutido nas
igrejas, e quando é feito, nem sempre se considera a totalidade das Escrituras.
Por isso, nesta aula, além de abordar a questão do dinheiro em Provérbios, nos
voltaremos para algumas orientações práticas, com base no Novo Testamento, em
relação às finanças.
1. O DINHEIRO EM PROVÉRBIOS
Por se tratar de um livro de conselhos, Provérbios
orienta seus leitores a fim de saberem lidar com situações práticas da vida.
Conforme estudamos anteriormente, o autor de Provérbios destaca a importância
de apresentar a Deus nossas primícias (Pv. 3.9). A recompensa de Deus, para os
israelitas, estava condicionada a atitude de entregar a Ele os primeiros
resultados da colheita (Pv. 3.10; 13.21). Como livro de sapiência, a sabedoria,
e não o dinheiro, é muito mais importante, pois é a sabedoria que faz a riqueza
durar (Pv. 8.18,21), o seu resultado é consideravelmente melhor (Pv. 8.20),
somente a partir dela as pessoas poderão usá-lo adequadamente (Pv. 17.16),
inclusive para não afadigar buscando riquezas (Pv. 23.4). Não apenas a
sabedoria é mais importante que o dinheiro, também uma vida de retidão,
atitudes de retidão. As pessoas justas vivem com maior tranquilidade que as
desonestas (Pv. 15.16), por isso um homem pobre que não se envolve em negócios
escusos é preferível ao rico que vive sem honestidade (Pv. 28.6). Deus
geralmente recompensa os justos com dinheiro (Pv. 13.21), mas é melhor ter
menos dinheiro e viver em retidão do que ter muito dinheiro resultante de
injustiça (Pv. 16.18). Por conseguinte, temer a Deus é bem melhor do que ter
dinheiro (Pv. 15.16), na verdade, a humildade, e o temor a Deus, leva o homem a
adquirir riquezas (Pv. 22.4). Como já destacamos em outras lições, a diligência
é uma característica fundamental para aqueles que querem ter êxito em suas
vidas. Os que não se deixam conduzir pela indolência colherão os frutos da
prosperidade (Pv. 10.4). A obtenção de dinheiro está atrelada ao trabalho, é
através dele que as pessoas adquirem riquezas (Pv. 14.23). A diligência é concretizada
em planejamento, não apenas em ações espontaneistas, que leva à ruina (Pv.
21.5). As pessoas que não conseguem controlar seus hábitos consumistas acabarão
sem nada (Pv. 21.17).
2. PROVÉRBIOS E O USO DO DINHEIRO
O sábio destaca, a princípio, as limitações do
dinheiro, definitivamente ele não pode comprar tudo, não pode livrar as pessoas
da condenação (Pv. 11.4), não dura para sempre, tem um caráter efêmero (Pv.
23.5; 27.4), sequer é digno de confiança (Pv. 11.28), por isso devemos
depositar nossa esperança em Deus (Pv. 28.25). Mas o dinheiro não
necessariamente é algo ruim, na verdade, pode ser utilizado para fazer o bem.
Quando corretamente utilizado, pode diminuir os estresses e evitar alguns
problemas (Pv. 10.15). Ademais, os filhos, se forem sábios, poderão desfrutar
da herança deixada pelos pais (Pv. 13.22), a esposa também exerce papel
fundamental no bom uso dos recursos (Pv. 31.18). Mas é preciso ter cuidado,
pois o dinheiro pode ser extremamente danoso para as pessoas, principalmente no
que tange aos relacionamentos. Isso porque, infelizmente, existem favoritismos
por causa do dinheiro, os ricos acabem sendo bem tratados, enquanto que os
pobres são menosprezados (Pv. 14.20). As pessoas que têm dinheiro não conseguem
identificar com facilidade quem são seus reais amigos, pois muitos se aproximam
por interesse (Pv. 19.4). Aqueles que não têm dinheiro são abandonados
justamente porque as pessoas se voltam para as que têm mais dinheiro (Pv.
19.4). Os que têm muito dinheiro não conseguem encontrar descanso, costumam
viver no isolamento, pois comumente são perseguidos por ladrões ou
sequestradores (Pv. 13.8). Aqueles que têm recursos financeiros são pessoas
fúteis, não conseguem se interessar por conhecimentos valiosos. Os pobres com
entendimento percebem a mediocridade dessas pessoas (Pv. 28.11). Além disso,
não podemos deixar de destacar que muitas pessoas na verdade não têm dinheiro,
apenas vivem uma mentira, como se tivessem, para agradar a sociedade (Pv.
13.7). Ao invés de querer dominar os mais pobres, e se assenhorarem sobre eles
(Pv. 22.7), os ricos deveriam reconhecer que foi Deus quem criou tanto um
quanto ao outro (Pv. 22.2). Ao invés de serem vaidosos, por causa do dinheiro,
os ricos precisam pôr em prática a generosidade (Pv. 11.24,25). Deus é
testemunha daqueles que oprimem os mais pobres, e querem tirar vantagem das
suas necessidades, tais pessoas cairão em ruína (Pv. 22.16).
3. VISÃO CRISTÃ SOBRE O DINHEIRO
A abordagem de Jesus em relação ao dinheiro é
radical, Ele se posiciona contra o acúmulo de riquezas na terra, orienta as
pessoas a entesourarem no céu (Mt. 6.19-21). Essa é a resposta de Jesus a
ansiedade que assola a sociedade moderna. Ao invés de estarem preocupados com
muitas coisas, ansiosos pelas vicissitudes da vida, devemos aprender a confiar
em Deus, na Sua providência (Mt. 6.24,25). Por isso, quando se encontrou com o
jovem rico, orientou para que esse entregasse seus bens materiais aos pobres,
mas ele foi incapaz de fazê-lo (Mt. 19.16-22). A conclusão de Jesus, em virtude
do apego daquele jovem às riquezas foi a seguinte: “Em verdade vos digo que um
rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil
passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de
Deus” (Mt. 19.23,24). Ao invés de enfocar demasiadamente as riquezas, Jesus
ensina que devemos buscar, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça e
que as demais coisas – apresentadas no contexto, e não todas como dizem alguns
– os serão acrescentadas (Mt. 6.33). Em suas epístolas, Paulo orienta os
primeiros crentes em relação ao uso do dinheiro. Ao escrever aos Coríntios nos
apresenta o modelo de Jesus em relação à riqueza e a pobreza. Diz ele: “pois
conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre
por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos” (II Co. 8.9).
A riqueza a respeito da qual trata o Apóstolo, nesse texto, não é material,
tendo em vista que, ao escrever a Timóteo, alerta a respeito do perigo das
riquezas (I Tm. 6.9,10). A orientação apostólica é a de que há maior
felicidade em dar do que em receber (At. 20.35), por isso, Deus ama a quem dar
com alegria (II Co. 9.7). A moeda mais valiosa para o cristão é o exercício da
piedade, que a fonte de lucro (I Tm. 4.8).
CONCLUSÃO
A partir do Livro de Provérbios, e do Novo
Testamento, destacamos algumas orientações práticas quanto ao uso do dinheiro:
1) não devemos confiar nas riquezas, mas em Deus, que é nosso Provedor (Mt.
6.24); 2) diante de uma sociedade consumista, devemos pedir sabedoria a Deus,
para saber usar corretamente o dinheiro (Tg. 1.5); 3) a honestidade é uma
prática cristã, não apenas diante de Deus, mas também dos homens (II Co. 8.21);
4) não devemos esquecer que um dia prestaremos contas a Deus, inclusive do modo
como gastamos nosso dinheiro (Rm. 14.10; 5) sejamos cuidadosos em relação ao
dinheiro, aprendamos a exercitar a piedade com contentamento (I Tm. 6.6-10); 6)
a utilizar os recursos em coisas benéficas, principalmente para a obra do
Senhor (Fp. 4.14); 7) em uma sociedade individualista, sejamos generosos,
atentos às necessidades dos outros (II Co. 9,6,7); 8) o dinheiro do cristão
deve ser ganho com honestidade, no temor do Senhor, e gasto com sabedoria (At.
24.16; II Ts. 3.7-9); 9) é preciso ter cuidado para não se deixar dominar pela
ganância, e pelo consumismo (Ef. 5.3); e 10) o segredo é aprender a viver em
contentamento, para não contrair dívidas desnecessárias, que comprometerão a
renda familiar (Hb. 13.5).
ELABORADO POR: Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
BIBLIOGRAFIA
KIDNER, D. Provérbios: introdução e
comentário. São Paulo: Vida Nova, 1980.
ORTLUND JR.
R. C. Proverbs: wisdom that works. Illinois: Crossway, 2012.
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